Quando as coisas precisam ser renovadas
Outro dia eu, Rebeca, conversava com uma amiga sobre como os ciclos se esgotam, a gente parece que morreu de falta de energia, acha que precisa de uma supernova, explodir aqui para nascer ali. E, quando vemos, reiniciamos o ciclo (o mesmo) com um pique de dar inveja, cheias de gás… até que vem uma nova crise, uma nova baixa, uma queda de adrenalina. Tudo fica chato, parece o mesmo, não empolga. Quando assim, você faz um esforço hercúleo para ter forças para uma coisa que era tão natural.
O papo era trabalho, não sexo. Mas, no sexo, é a mesma coisa se você não cuida. Vai deixando a preguiça bater, a rotina cansar. Se está muito derrotada, nem sai à noite (ou sai e volta para casa pensando a que horas vai acordar no dia seguinte). Uma chatice. Quanto mais coisa você enfia na sua rotina, mais chance você tem de, entre as prioridades, deixar o sexo um pouco de lado. Mas este post nem é sobre sexo, e sim sobre o ciclo de renovação de que este blog precisa. Porque a gente sabe que deixou ele um pouco de lado, não por falta de prazer com ele, mas por falta de tempo. Não queremos fazer mal feito e, quando nos demos conta, vimos que estávamos escrevendo muito pouco para os anseios de vocês, leitores.
Este canal cedido pela Folha — e no qual a gente sempre pôde falar abertamente sobre qualquer coisa, sem censura — foi criado em agosto de 2013 e, durante um ano, foi tocado por Ana e Lia, que se despediram aqui. Diana e eu, Rebeca, fomos as autoras seguintes, por um ano e meio. E a partir desta semana vocês terão nova companhia. Gás novo, ciclos renovados, desejamos toda sorte para quem vem por aí e que vocês continuem interagindo com o blog. A gente, daqui de longe, vai continuar lendo tudo e mandando contribuições quando der.
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Essa coisa de renovação de ciclo é muito doida, porque me pego pensando sobre como quando deixamos o sexo mecanizado. Se a gente está com um parceiro fixo, ou mesmo quando não está, se os dois não são explosivos e criativos, tudo pode ser meio como é com qualquer parceiro, um roteiro de cinema que a gente só segue, como atores. Você deita ou ajoelha, chupa daquele jeito por tanto tempo, vira de lado, senta, cavalga um pouquinho, depois deita na cama ou fica de quatro e ele goza.
Quando vem uma renovação de ciclo nessa área, principalmente quando você está com parceiro fixo há algum tempo, é um negócio mais explosivo do que entregar para a editora um livro no qual você está debruçado há três anos. Uns tempos atrás, eu tinha um namorado que sempre foi muito presente no sexo, cheio de artimanhas. A gente era quase adolescente, o apetite sexual era uma coisa de louco, a gente transava uns 4 ou 5 dias por semana. Bem, uma hora, ao longo de um ano de namoro, a paixão se esvaiu um pouco… e o sexo ficou mecanizado.
A gente sabia as posições certas, cronometradas, não precisava de tanto esforço. Mas o negócio virou um tédio, e a frequência diminuiu. Durante uns três meses, a gente sabia que o negócio não tinha mais futuro e ainda assim tentamos. Depois dissemos tchau um pro outro, ficamos separados uns dois anos, transamos com deus e o mundo, até que nos reencontramos. Os dois mais velhos, mas aquela paixão juvenil cheia de tesão aflorava na cara dos dois. Solteiros, mais rodados, menos ansiosos, fingimos que íamos nos paquerar para ver se rolava algo no fim da noite. Mas na verdade, naquele dia, a gente sabia desde o começo da balada que a gente ia sair junto dali. Estávamos doidos para transar.
Fomos para a casa dele, aos trancos e beijos, um beijo de garganta profunda, como se não houvesse amanhã. Eu morria de saudades do pau dele, daquele jeito duro latejando –era aquele tipo de pau que, mole, não indicava muito sucesso, e duro parecia ter saído meio metro para fora depois de excitado. Um choque! Eu gostava de como era um pau duro comigo (sei lá se com as outras também), como se fosse um bastão de ferro. Podia-se bater nele.
Como foi bom rever aquele pau naquele grau de excitação. Mas o melhor foi que, os dois com alguns quilômetros rodados, estávamos cheios de novidades, doidos para mostrar novas ideias e posições. Nada de cama, o negócio começou com os dois sentados no chão. E a gente não era muito de sentar no chão duro, sem nada. Ele com as pernas atrás de mim, as minhas atrás dele. Eu com as mãos apoiadas para trás e fazia o movimento de vaivém. Um tesão, aquilo demorou o suficiente para a gente quase querer gozar ali mesmo.
Mudamos para o sofá em frente. Eu sentada com a buceta na borda do sofá, ele me chupando. Eu rebolava num ritmo frenético, aquilo estava bom demais. Língua molhada, tudo molhado, meu pé alcançava o pau dele no chão, duro como uma rocha. Eu já tinha explodido de prazer, gemido às alturas, quando propus irmos para a cama. Eu queria cavalgar naquele pau. Fomos para o quarto.
Antes, fui com a boca até o pau dele. Primeiro na bola esquerda, inteira na boca. Ele estremeceu. Que saudade de chupar aquele pau. Mas mais saudade de ter vontade de chupar aquele pau com água na boca. Água na boca literalmente, hidratando o vaivém, da base até a ponta, indo e vindo em rotação. Garganta profunda. Água na boca (agora ainda). Ele estava a ponto de bala quando me sentei nele e dali não saí mais.
Nada daquilo era genial, louco, de quebrar paredes, mas para a gente parecia totalmente fora do script. O tesão latejante, como tínhamos muito tempo antes, no começo do namoro, era o ponto fora da curva. Será que nós, seres humanos, imaginamos que, depois de uma longa hibernação com um parceiro, a coisa vai voltar a andar igual ou melhor de como era? Era isso o surpreendente entre a gente. Acho que, depois do término e com esse reencontro, ficarmos juntos foi um teste só para ver se a saudade valia a pena. Se valia a pena ainda seguir com aquela paixão.
Que seja bom enquanto dure — foi o que eu me disse mentalmente depois que ele gozou. Nos encontramos ainda uns três meses seguidos, cheios de tesão. E o término, em paz, foi muito melhor do que quando terminamos da primeira vez. Renovamos, descascamos, ganhamos nova couraça, dividimos, compartilhamos, nos reencontramos. Em espírito!