Pornô Ético?
Por Diana
Como leitores deste blog já sabem, nós aqui somos partidárias, defensoras, admiradoras e amantes de um bom filme pornô. Mas, como quase todo mundo que frequenta sites pornográficos por aí, de vez em quando nos deparamos com algo que incomoda – sem falar na pontinha de dúvida que de vez em quando surge sobre o real efeito do pornô nas nossas vidas sexuais.
Eu, por exemplo, não gosto muito de pornô de baixa qualidade técnica e detesto violência. Sabe quando a garota começa a engasgar e o cara está lá, segurando ela pelo cabelo, sem deixar a estrela do filme respirar? E a pobre ainda tem que fazer cara de quem está adorando? Eu mudo de filme na hora. Pior ainda quando dá para ver que as meninas estão super desconfortáveis – e muitas vezes dá, sim.
Obviamente não estou falando de sadomasô, bondage, ou de sexo selvagem, que dentro de limites saudáveis acho ótimo. Quando a coisa é bem feita, um pouco de força no lugar certo é excitante, na telinha e fora dela. Eu, que fico roxa fácil, já contei umas 15 manchas depois de uma única noite inesquecível com um peguete paulista, sem contar as marquinhas de mordida. Eu olhava aquilo extasiada, lembrando de como ele me segurava, me virava, e me comia sem dó. Eu gostava e pedia mais.
Mas eu fazia essas coisas por um motivo só – prazer. Como boa feminista semi-vegetariana, eu não compro nem ovo de galinha criada amontoada em gaiola… vou lá querer participar na exploração de gente vulnerável só pra tirar uma? Por outro lado, não quero e não vou abandonar o pornô. Acho que o caminho é achar filmes com os quais eu posso gozar tranquilamente, repetidamente e sem culpa nenhuma.
Eu não sou a única que tem essa preocupação. Outro dia li um post de um cara que ficou 30 dias em greve de pornô para ver se fazia alguma diferença (em inglês aqui). E notou várias. A primeira, disse, foi que, depois de quatro semanas sem estímulos visuais explícitos, qualquer bobagem na TV já causava um comichão.
Mas ele também passou a se perguntar até que ponto seu vício alimentava a perversidão alheia, e foi perguntar a especialistas algumas dicas de pornôs que a gente pode ver sem medo. O resultado foi o seguinte (e já aviso, é meio polêmico):
1. Preferir grandes estúdios. Segundo uma atriz pornô entrevistada, quanto maior e mais profissional o estúdio, mais respeito existe pelas estrelas, que podem dialogar com o diretor quando algo não está certo. (Aqui também eu fico com uma dúvida – essa atriz pornô trabalha para esses estúdios… apesar da lógica dela ser boa, até que ponto ela não estava apenas promovendo seu ganha-pão?)
2. Tentar saber mais sobre os atores e assistir entrevistas pré e pós-produção. Alguns sites, como kink.com, publicam conversas e entrevistas com os participantes, para que o público saiba que tudo foi combinado e consensual. E muitas garotas têm vídeos no YouTube e seus próprios websites, onde a gente pode ter certeza de que elas escolheram a carreira e têm algum controle sobre ela.
3. Evitar sites com conteúdo pirateado e/ou gratuito. Sim, isso significa PAGAR pelo seu pornôzinho, em sites com assinatura ou aquelas câmeras controladas pelas próprias garotas.
Existem vários problemas com essa sugestão. Sim, há muitas sugestões por aí sobre o efeito devastador de Pornhub, RedTube e outros na indústria. Mas, na minha humilde opinião, é um caminho sem volta. Dadas as devidas proporções, é como discutir o Napster, Torrent, etc. Não vai mais ser possível evitar pornô pirateado e gratuito na internet, e a demanda nunca vai acabar. Sem falar que nem toda webcam é controlada pela própria artista do outro lado das lentes né?
4. Ver mais pornô amador. O ator pornô aposentado Ryan Knox, entrevistado no artigo, diz que a única maneira de estar 100% certo de que o vídeo é consensual é buscar os amadores, feitos em casa. “A qualidade é bem baixa, mas o sexo é muito mais quente, porque essas pessoas estão confortáveis uma com a outra”, disse. “Podem ir além dos limites que encontramos num pornô comum, quando duas pessoas acabaram de se conhecer. Nessa parte eu fiquei curiosa e decidir ver um amador (que normalmente evito) mais tarde. Será que é mais quente mesmo? Agora, quanto a estar certa de que a filmagem não tem exploração e é consensual, não sei não… acho bem possível que namorados e cafetões bem exploradores forcem as namoradas a participar de uma filmagem dessas.
Fui perguntar a um amigo homem o que ele achava do artigo, e ele discordou de quase tudo. Confessou ter, sim, dilemas éticos às vezes, e disse que para de assistir quando aparece algum abuso ou quando as garotas estão desconfortáveis – “até porque não acho isso erótico”. Mas afirmou que não vai, de jeito nenhum, ficar procurando sempre as mesmas atrizes ou estúdios: “Boa parte da graça do pornô está na variedade… em alguns casos fui atrás de mais vídeos da mesma atriz, mas são exceção”. Sem falar que, para ele, essas grandes atrizes são muito plastificadas, e ele prefere algo mais realista.
Outro ponto que não discuti muito ainda foi o efeito do pornô em nossas vidas sexuais. Já vi psicólogos sugerindo que quem não consegue gozar sem pensar em sacanagem (em vez de curtir a pessoa com quem está transando na hora) tente parar ou diminuir o consumo de filmes pornográficos. Fico pensando se nosso cérebro não fica acostumado a ligar os botões da excitação só com cenas eróticas na TV, limitando o tesão em situações reais…
Mas isso é assunto para outro post. A única conclusão a que eu cheguei até agora foi a de que preciso abrir a cabeça quanto a pornô amador. De repente eu acho algo que gosto. Então me dê licença, leitor querido, eu preciso ir ali fazer uma pesquisa.