Festa das bruxas, bruxos e bruxes, uma delícia!
Por Carmen
A frase no convite dizia assim: “Para poucos e bons (todos testados na entrada). Último sábado de outubro. Traga sua fantasia…”. Uma deixa perfeita para o retorno da tradicional festa de Halloween de um grupo de amigos paulistanos, inspirada no último longa do cineasta Stanley Kubrick: “De Olhos Bem Fechados” – aquele clássico sensual em que um médico (protagonizado por Tom Cruise) descobre uma sociedade sexual secreta, depois da esposa (Nicole Kidman, mulher do ator na época) confessar ter fantasias com um homem que conheceu. Enfim.
Conversei com meu namorado, decidimos mudar os ares desse isolamento ainda vigente. (Duas doses depois da vacina – e as medidas de segurança – nos deram a coragem de voltar a viver mais um pouco.)
Chegamos pontualmente no endereço, divulgado na véspera em um grupo fechado de WhatsApp. A entrada era discreta, e a maioria das pessoas trajava casacões escuros e maquiagem dentro do tema cobrindo o rosto. Bruxas par lá de sexy, dráculas extremamente viris, gente mais fluida brincando com a mistura dos gêneros. Dentro do casarão, velas acesas (muitas), uma banda feminina de voz rouca, muito brilho, paetê e corpos à mostra.
Não que fosse um encontro de swing ou sexo explícito. Embora, alguns cômodos mais reservados deixassem alguma possibilidade dessas a gosto do freguês.
Peguei uma taça de espumante e caminhei até a varanda com vista para o skyline da cidade, enquanto meu amor foi até o banheiro. Ali, avistei um vampiro. Alto, olhos e cabelos negros, barba (adoro!), a pele de tinta branca revelando um homem de uns 40 anos – a boca pintada de vermelho sangue. Lindo (e deliciosamente atraente).
Tentei disfarçar o impacto, mas ele olhou na minha direção. Sorria quando meu namorado se aproximou. E seguiu assim, enquanto observava eu ganhando um beijinho no pescoço. Não me dei conta na hora, mas ele nos seguiu até o segundo andar. Meu namorado excitadíssimo naquele ambiente (prefiro não saber o que o deixou assim depois do passeio no banheiro; para que, não é mesmo?!). O que importa era o desejo dele de entrar em mim. Em um quarto cheio de biombos e sofás. À meia luz, música alta e gemidos sussurrantes escondidos aqui e acolá.
Eu estava sem calcinha, a saia delicada fácil de acomodar. Em pé, apoiada em um canto da parede, com a excitação de quem finalmente faz algo de errado ou transgressor. Meu namorado concentrado no seu tesão, me penetrando de um jeito incessante e decidido.
De repente, uma visão. O vampiro do outro lado da sala, bebericando algo e olhando para mim. Abracei meu namorado e sorri. Para o outro homem. Ele sorriu de volta, se acomodando para permanecer na cena. Imaginei como seria se viesse até nós, qual a textura do seu toque e a mágica oculta naquela roupa escura. Quanto mais rápido meu namorado metia em mim, mais eu me excitava, sorria e recebia o olhar mais excitante dos últimos meses. Ele ali, parado. Nós num lampejo de gozo e prazer.
Voltamos para casa (ao menos dessa vez, nossa missão já tinha sido cumprida ali). Mas aquele sorriso misterioso seguiu me acompanhando até a manhã de hoje.