“Cadê o Brad da sua vida?”
Por Carmen
“Faça um favor para si mesma e assiste a série ‘Sex Life’…”, li no meu WhatsApp a mensagem de uma amiga, referindo-se à primeira temporada da trama que estreou no final de junho na Netflix. Já estava no meu radar – apesar de uma leve rejeição ao velho conhecido clichê de uma dona de casa entre a vida de casada com o marido perfeito (e a casa, e os filhos, e a conta bancária) e o sexo selvagem perdido de outrora. Pois bem.
Resisti alguns dias, até uma noite, 23h, em que pensei no passatempo breve antes de dormir. Logo no primeiro episódio já me deparei com Cooper, o marido de gel no cabelo, bonzinho e bem-sucedido no mercado financeiro. Também, com Brad, o cara gato de cabelos displicentes, indomável e com um trauma de infância capaz de fazê-lo o melhor produtor musical de Nova York e o amante perfeito para noites de transas intensas.
A exemplo da cena do flashback do primeiro encontro, logo no primeiro episódio, em que, a certa altura, nossa protagonista, Billie, está diante do skyline da cidade, na piscina da cobertura de Brad, onde trocam o primeiro beijo, seguido de um striptease dela para ele – apenas calcinha e botas – e de um mergulho na piscina, os dois nus, e ele a colocando sentada na borda para morder seus seios de leve antes de um caprichado sexo oral. “Cadê o Brad da sua vida?”, reli naquela mensagem de quem me conhece tão bem.
Passava das 2h30 da madrugada, quando desliguei à força, exausta e cheia de tesão pelos relatos de Billie no diário que começa a escrever em seu MacBook – lido minuciosamente pelo marido dela, às escondidas. Sem mais spoilers, o estilo “soft porn” para mulheres funciona, apesar da previsibilidade. Corpos lindos, ambientação ora misteriosa, ora cheia da angústia de uma mulher que escolheu abrir mão do melhor sexo da sua vida pela segurança de uma relação morna.
Recomendo. Você vai se deliciar com a dedicação de Brad para fazer Billie gozar, seja no banheiro de uma casa noturna, seja no elevador durante um pequeno trajeto, seja na mesa do restaurante, seja nos túneis do metrô, seja no chuveiro (por trás), seja no sofá da sala; ela sentada por cima dele, ele segurando gentilmente seus quadris, olhos nos olhos, bicos dos seios massageados, um pau enorme e uma paixão avassaladora.
Seja, ainda, nas tentativas do marido ideal de reconquistar o interesse insaciável que desconhecia na sua esposa quase perfeita. Depois você me diz se apostaria a sua própria vida ao lado da segurança que só um Cooper pode proporcionar, caso tenha tido a sorte de encontrá-lo, ou da emoção contida em um Brad – este, espero, já ter aparecido ao menos uma vez na sua trajetória…
Maratonei a primeira temporada em, no máximo, três noites de silêncio em casa, me masturbando junto com a Billie, sentindo um arrepio nas costas ao vê-la sucumbir à sedução daquele amante impecável, me lembrando de como é potente se sentir escandalosamente desejada e livre (assistir sozinha é melhor, garanto) – e de como é aconchegante sentir o amor e a lealdade de alguém. Finalmente, respondi à provocação da minha Sasha (a minha melhor amiga na vida real)… “Isso não se faz, recomendar uma série dessas para quem está há anos num relacionamento estável. Resta saber, na verdade, cadê a Billie em mim…”. (Ou em você!)