Todos os homens da minha vida, uma orgia
Por Carmen
Estou nua. Minhas águas imaginárias sob os meus pés. Sinto tudo e tanto. Um ano se passou desde o início desta quarentena sem fim. E não importa se tenho companhia (ou não), as histórias que vivi no passado insistem em se fazer presentes nos meus pensamentos mais secretos. “Se eu morresse amanhã, o que teria deixado de mim?”
Olho para todos os homens com quem já me relacionei, como em uma espécie de rito de passagem. Do primeiro beijo, um tanto desajeitado, a tudo o que veio depois dele. As descobertas das paixões, os amores platônicos, o medo, o desejo, o sexo.
Neste filme da minha vida amorosa, estou de volta à lugares, pessoas e sensações que habitam meu corpo. O beijo demorado no garoto dos meus sonhos, um abraço tímido diante de um céu estrelado, tantos olhos nos olhos, tantas mãos urgentes por baixo do tecido das minhas roupas.
Volto ao primeiro toque, à textura daquela língua, ao cheiro do canto daquela boca; à barba por fazer, deliciosamente ao redor daquela outra. Estou na praia da minha juventude, onde vivi tantos amores. E mais tarde, o sexo em si. Meu primeiro gozo inesperado, as noites intermináveis e as manhãs feitas de uma ressaca boa. Os movimentos todos, o meu tesão, cada vez mais potente.
Caminho entre todos vocês. Ora acariciando o rosto de um, ora passando meus dedos pelo pau duro de outro (e de outro, e de outro). Sinto os corpos, os fluídos todos. Me excito. Vocês me observam em silêncio, eu mergulhada em mim. Meus seios estão fartos, minhas pernas trêmulas, entre elas, fico encharcada de nostalgia.
Gozo um gozo forte, intenso, único. Respiro fundo, sinto uma alegria com o ar entrando nos meus pulmões. Não estou sozinha. Penso que vivi o que pude, a cada história, com o melhor possível em mim. Estou feliz – e quando tudo isso passar, porque vai, talvez telefone para relembrar de alguém. Até lá, continue se cuidando, promete?