Tesão sem prazo de validade
Por Carmen
Atingi um marco sexual histórico na minha vida. Oficialmente, sinto tesão por uma mesma pessoa há mais de cinco anos. Isso é inédito. Nos meus relacionamentos longos do passado, sempre vivi um dilema de tostines: perdia o interesse na cama porque tínhamos problemas fora dela ou a falta do frio na barriga do sexo conhecido gerava o fim do namoro?
O fato é que depois de algum tempo de paixão seguida de paulatina acomodação desde a primeira vez que tinha encostado naquele determinado pau, eu já não o queria mais por perto. Os beijos incomodavam, as mãos causavam cócegas – e apenas isso. Meu corpo ficava tenso ao toque. Orgasmos viravam lembranças. Ainda insistia mais um tempo, mas eu já ansiava por algo novo.
Eu temia que esse momento chegasse agora também. Questionava se o problema estava em mim. Sou uma pessoa movida pela sedução, pela expectativa no sexo? A grande revelação da vida, para mim, era como se manter atraída quando havia intimidade em excesso.
Este fantasma da superficialidade do meu ser sexual ainda me assombra quando ficamos um tempo maior sem transar ou quando rola o sexo daquele jeito mais mecânico, ou ainda quando a minha taxa de orgasmos por números de trepadas cai abaixo de 100%.
Mas, desta vez, acaba sempre vindo o repique, a retomada. Uma transa espetacular na quarta-feira à noite. Um oral dedicado quando eu não consegui chegar lá com a penetração. E eu espanto as assombrações e relaxo.
A educadora sexual norte-americana Emily Nagoski defende que “manter a chama acesa” em relações de longa duração não depende de frequência ou aventuras sexuais. “Quando um casal não consegue manter as mãos longe um do outro, eles são dominados pelo que os pesquisadores chamam de ‘desejo espontâneo’. Embora esse tipo de desejo seja ótimo, não é o único – também há um desejo ‘responsivo’”, comentou em sua palestra TED. O desejo espontâneo surge em antecipação ao prazer e o responsivo, em resposta ao prazer.
Ela dá um exemplo de como o desejo responsivo aparece: “Você coloca seu corpo na cama, deixa sua pele tocar a pele de seu parceiro e permite que seu corpo acorde e lembre-se: ‘Ah, certo, eu gosto disso; Eu gosto dessa pessoa’.”
Eu me identifiquei.