Quanto tempo você suporta sem sexo?
Por Carmen
Quanto tempo você fica bem sem fazer sexo? Com uma mãozinha ou nos intervalos entre a preocupação e o esgotamento, muita gente está se aguentando bem; outros, nem tanto. A fissura é justificável, lá se vão quase nove meses que, de um dia para o outro, foi decretado o fim do hedonismo.
Assim como não aguentamos mais ficar distantes, sem abraçar pessoas, gargalhar junto, sentir a vibração inigualável de uma multidão em um show, não festejar datas, não explorar o mundo, está fazendo cada vez mais falta o prazer safado sem hesitações ou amarras, o frio na barriga da sedução, as aventuras sexuais, os encontros casuais, o flerte que acaba virando algo surpreendente.
Temos tentado replicar o gozo tão desejado com a ajudinha dos amigos movidos a pilha, da conexão em alta velocidade ou, em casos cada vez mais frequentes, negando o risco e se expondo à roleta russa.
Roleta russa lembra outro vírus, o maior anticlímax do sexo por décadas, responsável por uma tragédia que atravessa gerações. Assim como a Aids, a Covid-19 não tem sido capaz de extinguir por completo a busca pelo prazer carnal que, no final, é espiritual também.
Leio que, em Nova York, a polícia debanda uma festa clandestina de grande porte por dia desde agosto. Em uma delas, encontrou cerca de 80 pessoas nuas, dançando, bebendo e fumando narguilés coletivos. Sexo grupal rolando solto em salas provavelmente pouco ventiladas. Máscaras e distanciamento my ass.
A cena segue underground e forte em todo lugar, a despeito das orientações dos órgãos de segurança. E quase dá para imaginar swingers dando os ombros para regras risíveis como limitar as orgias para 10 participantes e “em caso da necessidade de ir a um evento de swing, por favor, use máscaras e mantenha distância social”.
Enquanto o tambor continua girando, cada mais rápido, derrubando corpos. Infelizmente, não pela exaustão do prazer.