Um ensaio sensual para alguém como eu (ou você!)
Por Carmen
Outro dia me peguei fantasiando diante de algumas fotografias que surgiram na minha timeline. E antes que você imagine algo explicitamente pornográfico, ou a dois, te digo: tratava-se de um ensaio sensual de uma mulher comum, como eu, você, a sua parceira (ou parceiro; não importa).
O fato é que havia algo grandioso ali. Um olhar. Um modo de ver e revelar alguma coisa que não se consegue nomear logo que a gente vê. Apenas sentir. Então vou tentar descrever a cena, que de tão sutil, me chegou incrivelmente sublime…
Uma mulher de uma beleza simples, cabelos negros, levemente cacheados, soltos. Adulta o suficiente para estar ali, e jovem o bastante para se entregar aos comandos da fotógrafa. Sentada sobre uma cama à meia luz, de costas, apenas o rosto virado para trás olhando fundo na gente. Um lençol cobrindo quase o corpo inteiro, não fossem as pernas bem desenhadas, os braços segurando o tecido, a tatuagem florida no ombro esquerdo e uma pequena porção do seio; quase nada. E aquele olhar.
Talvez, de quem vive uma descoberta de si a partir de uma experiência incomum – e é justamente essa sensação que me atraiu. Essa fragilidade.
Entrei no perfil da fotógrafa, descobri que sua especialidade é registrar mulheres “normais” de uma maneira atípica. Um desnudamento que não é do corpo, mas da alma. De quem a gente é naquele exato momento. Mesmo que com uma certa timidez (ou não) diante de uma lente estrangeira. Muito além de um ensaio plastificado, ou do que se aprendeu como sendo atraente – a partir das famosas revistas de mulher pelada que fizeram história, ou dos sites de fotos pornô.
Confesso que me vi ali. Imaginei como seria tirar a roupa na frente de uma desconhecida, apenas eu, ela e uma câmera, sem poder usar todos os meus truques dos sentidos, como acontece durante uma transa. Apenas eu, meu corpo, o quanto quero mostrar dele. E de mim. Também, a minha curiosidade e fantasia, de quem poderia, um dia, de deparar com aquela foto minha. Se eu a enquadraria na parede de casa, à mostra, ou a guardaria em uma das minhas gavetas privadas.
Inspirada por aquele retrato, procurei outros perfis de fotógrafas sensíveis para revelar quem a gente é, e encontrei trabalhos incríveis nesta mesma linha. A ideia, em geral, é revelar o universo que cabe em uma pessoa, fazendo um recorte das nossas histórias, medos, desejos; em uma pequena sequência de imagens que transpiram elegância, sensualidade e força, de tão humanas. Algumas são acompanhadas de textos sobre a fotografada.
Você, quem seria ali? Como você é hoje? Qual imagem de si gostaria de guardar para daqui a alguns anos (ou quando as máscaras caírem)? Neste, de pandemia e distanciamento da vida social como a conhecíamos, diante daquela mulher do retrato, senti que autoestima e desejo podem ser traduzidos no que temos de mais belo: a nossa vulnerabilidade. E decidi que, em algum momento, quando a vida permitir, quero viver uma experiência como aquela. Por mim, para mim. E isso já me trouxe uma potência imensa.
Se você ficou curioso(a), aqui eu conto, do ponto de vista de uma dessas fotógrafas, como foi clicar um casal comum.
E abaixo, algumas fotógrafas-musas e seus trabalhos arrebatadores para você sonhar:
Autumn Sonnichsen
https://www.instagram.com/aquerida/
Cristina Souza
https://www.instagram.com/odaracris/
Olivia Nachle
https://www.instagram.com/olivianachle/
Renata Chebel
https://www.instagram.com/infinitachebel/