Sexo casual no novo normal
Por Carmen
A incerteza sempre temperou o sexo casual. Sair pela noite sem saber os prazeres que ela nos reserva, conhecer pouco e imaginar muito, fazem parte da dança da liberdade e excitação dos primeiros encontros, arranjos do destino e relações eventuais sem compromisso.
A falta de clareza que a atual situação traz é de outra raiz. Sai o frio na barriga, entra o frio na espinha – o medo de contágio pelo coronavírus. Evaporou-se a liberdade, mergulhamos no confinamento.
A pandemia vai, aos poucos, minguar e acabar. Quais serão as mudanças que ela deixará na prática sexual, nos contatos casuais? Tem gente tentando adivinhar.
Ouvi alguém questionar: será que os pelos púbicos voltarão à moda? Com muita gente abrindo mão da depilação na quarentena, o novo normal será o reflorestamento das partes íntimas? Eu, que nunca fui fã de paus e xoxotas totalmente lisos, estou curiosa pra ver.
Uma das matérias mais lidas desta “Folha” no fim de semana foi esta: “Depoimento: websuruba na pandemia diverte quem mostra e quem vê” , que conta sobre a festa que reuniu mais de 2 mil pessoas em uma conferência para excitar e se excitar, ser voyeur, se exibir, ser feliz e se sentir bem.
O apelo do evento é bom demais para ficar apenas na quarentena: muita gente que tem curiosidade, fantasia até, mas falta coragem para frequentar uma orgia real, pode experimentar a versão online, se expondo apenas na medida que deseja, em uma espécie de degustação. Isso tem tudo para continuar acontecendo.
Ainda no universo do sexo virtual, o aumento das vendas de apetrechos sexuais nos últimos meses está fazendo a galera descobrir uma nova categoria de brinquedinhos: os teledildos (tradução livre de teledildonics, em inglês), vibradores controlados por aplicativo à distância. Transe com aquele gringo gostoso que está a milhares de quilômetros e será ele vai comandar o seu orgasmo, que tal? Não tem como isso não virar tendência.
Há quem preveja uma onda de hedonismo depois de tantos meses (quem sabe, serão anos!?) de privações, mas também uma retomada mais lenta dos encontros para uma boa parte das pessoas, mais traumatizadas. Os futuristas também acreditam que, depois de lidarmos com o mais parecido com fim de mundo que já experimentamos, o poliamor e as relações abertas vão ser mais comuns. Afinal, não teremos mais tempo a perder com amarras sociais, só com as algemas de pelúcia mesmo.