Sexo sustentável: conheça as camisinhas veganas
Por Carmen
Sabe como é o Instagram, você vai indo de uma conta para outra e, de repente, nem viu como chegou a um determinado post ou perfil que te chama a atenção. Nesse labirinto de fotos, marcações, stories, arraste para ler, etc., eu estava na pesquisa para encontrar educadores sexuais negros, afinal, se existe falta de equidade racial em todos os aspectos da sociedade, não é diferente no acesso à informação sobre o próprio corpo, desejo e saúde. Essa questão tem levantado necessárias discussões à luz dos movimentos antirracistas que ganharam impulso na semana passada.
Daí, caí no espaço da b.condoms, marca engajada socialmente (veja o manifesto deles aqui, em inglês), criada por uma mulher negra nos Estados Unidos e que fabrica preservativos veganos. Parei: opa, camisinhas ainda usam matéria-prima de origem animal?
A base delas é vegetal, o látex da borracha. Foi-se o tempo que eram feitas de intestino de animais, apesar de alguns poucos países ainda permitirem o uso de pele de carneiro para esse fim.
O processo de fabricação dos preservativos de látex utiliza caseína, proteína do leite, para amaciá-las. Está aí a diferença entre as camisinhas veganas e não-veganas. Resíduos desse ingrediente secundário acabam não aparecendo na formulação final, mas ele afasta o produto da categoria 100% vegetal. Além da b condoms, a australiana Glyde e a alemã Einhorn também acharam alternativas plant-based à caseína e estão se popularizando, ainda que, no Brasil, só por importação pela internet.
Outra preocupação dessas marcas mais sustentáveis é a origem do látex. Elas procuram adquirir o material extraído de formas mais ecológicas por pequenos produtores, evitando monoculturas da borracha em larga escala e o uso intenso de agrotóxicos. A responsabilidade social é outro foco dessas empresas. A Einhorn afirmou em entrevistas que acompanha a produção do látex para conferir a prática de fair trade. Querem evitar que trabalhadores sejam submetidos a más condições de trabalho nos seringais e que garantir que sejam remunerados acima acima do que se paga no mercado. Já a b condoms se posiciona com o propósito de diminuir as disparidades culturais, sociais e raciais relacionadas à saúde sexual, focando em projetos de comunicação, como a promoção de lives e debates em suas redes.
Como diz o slogan levemente exagerado de uma delas: por que não mudar o mundo enquanto estamos tendo orgasmos?