Não é você, é a quarentena
Por Carmen
A gente transava umas três vezes por semana. Eu encarava a virilidade dele como um elogio pessoal. O pau dele atingia o máximo de inchaço e rigidez logo após uma boa dose de sexo oral…em mim! Não podia ser melhor. Chupá-lo logo depois era incrível, a memória da sensação da glande em formato de cogumelo vibrando na ponta da minha língua e tocando meus lábios é uma das melhores sensações recentes da minha vida sexual.
Foi natural decidirmos nos isolarmos socialmente sem nos isolarmos mutuamente. Ele trancou o apartamento dele a 30 minutos de carro da minha casa e aumentou a quantidade de roupas na gaveta que eu já tinha liberado para algumas cuecas e camisetas.
A primeira semana foi delícia. Vidinha conjugal com boas sessões de cama praticamente todos os dias, mas não deu pra evitar, a pandemia e a crise política e econômica se agravando do lado de fora, nos deu uma broxada geral depois de um curto tempo. Eu comentava as notícias alarmantes o dia todo, deixando pouco espaço para descontração e provocações safadas. Ele sofria calado e se fechava a cada nova edição do jornal.
O sexo foi rareando e ficando mais preguiçoso, quase como uma sessão de alívio, descarrego, e menos de tesão e sacanagem. A falta de exercício físico intenso e frequente no confinamento fez o fôlego falhar e a necessidade de recuperação depois do orgasmo ser maior. Uma vez, ele reclamou de taquicardia, após 15 minutos por cima de mim. Senti culpa.
Até que passamos um fim de semana todo sem transar. Eu tentei me aproximar, ele não deu muita bola. Na segunda de manhã, quando ele acordou cedo para uma vídeo chamada de trabalho, eu me masturbei na cama. Gozei no esforço, na teimosia. No dia seguinte, lancei mão de uns contos mal escritos que encontrei dando um Google e, na mesma tarde, entrei o XVideos. Minha boceta só latejou pra valer mesmo, quando me toquei lembrando das nossas transas de antes.
Vou puxar a DR, com receio de ouvir: “Não é você, é a quarentena”.