Sobra tempo, falta libido
Por Carmen
Nunca um fator externo afetou tanto minha vida sexual antes.
A pandemia de Covid-19 e a necessidade urgente de ficarmos em isolamento têm impossibilitado os encontros e prejudicado as relações pelo excesso de convivência. Porém, para muita gente, eu incluída, há um impacto psicológico mais sutil, mas igualmente triste: a falta de libido. Podemos ter o ser amante disponível ao lado, confinado com a gente o dia todo, com mais tempo disponível e a energia vital represada entre quatro paredes, mas e a vontade de transar? Estamos receosos, preocupados, deprimidos para isso.
Eu fiz pouquíssimo sexo nas últimas duas semanas. Bem menos do que a rotina permitiu. No fim de semana, estávamos na cama, conversando, quando eu interrompi a frase dele e disse: “A gente precisa transar. Não podemos sucumbir”. E transamos. E como foi difícil de engatar. Dá-lhe gel lubrificante. Ele veio por cima, porque sabe que eu gosto, e me beijou muito, porque sabe que eu adoro.
Por alguns minutos, foi bom, me senti viva. Quando gozei, desabei no choro. Não é a primeira vez que chego ao clímax, me desarmo e me entrego às emoções mais latentes. Em inglês, chamam isso de crygasm (chororgasmo, na minha adaptação). Isso costumava acontecer quando o prazer era tão intenso, a conexão tão forte, eu extravasava. Dessa vez, foi diferente.
Ele, diante da minha reação inesperada perguntou o que tinha feito de errado. Eu respondi, daquele jeito nada sexy de quem está fazendo careta e fungando, que ele era maravilhoso, o momento que foi de catarse para mim.
É isso. O sexo pode ser catártico, pode curar, libertar mesmo no confinamento. Transe com seu parceiro, com seu brinquedo sexual, com você mesmo. Não podemos desistir do sexo.