Como falar de sexo, se tudo que se comenta é coronavírus?
Por Carmen
Ontem à noite transei. De ladinho. Sem beijo. Sem culpa.
Foi em casa, depois do banho. E dormi bem depois. Se a última atividade do dia tivesse sido o que fiz praticamente o domingo todo, a leitura do mar de conteúdo que está sendo compartilhado, publicado e comentado sobre o coronavírus, provavelmente teria vindo uma baita insônia. E noite mal dormida derruba a imunidade. O estresse, por medo e incerteza, eleva o cortisol e, por consequência, a imunidade vai ainda mais pro saco. Prato cheio pra pegar o que seja, de candidíase a um vírus em caráter de pandemia.
Talvez o sexo – caseiro, trivial, sem saliva – não seja de todo ruim na quarentena. Sim, contato íntimo deve ser evitado, dizem médicos e especialistas, mas, em tempos de confinamento, angústia e depressão, precisamos de alívio, de fontes de prazer. É o que eu acho hoje, mas tudo está mudando muito rápido. Há uma semana, não imaginaria que coisas tão prosaicas como beijar na boca ou ida à balada, estariam canceladas por tempo indefinido.
Aqui no home office, encaro a tela no notebook e penso em chamar uma amiga no Whatsapp para perguntar: dá para escrever sobre sacanagem quando o clima está ficando cada vez mais tenso? A leveza é bem vinda, as piadas assossegam um pouco a sensação de caos ao redor da doença que toma o mundo, mas para esta blogueira de sexo:
- Fingir que nada está acontecendo é pior que fingir orgasmo. Afinal, a vida de todos nós está sendo afetada e, se ainda não chegou, vai chegar nas atividades sexuais;
- Falar de KY quando todo mundo só fala de álcool gel parece alienação e mau gosto;
- Esse espaço não foi criado para textos sobre algo tão broxante (e perigoso).
Portanto, se deixar de escrever, escolher qualquer outro assunto ou entrar no tema pra valer não são opções, me resta apenas fazer sexo, com as devidas precauções.
PS. Dedico à minha amiga que namora a distância e vai ficar sem sexo. Gente, se vocês podem fazer, aproveitem!