Sexo em tempos de coronavírus
Por Dolores
Além de não poder mais comer pizza nem tomar gelatto na rua, os italianos estão obrigados a outra devastadora restrição por causa da epidemia de coronavírus. De acordo com ordens do próprio governo, ninguém no país tem autorização para participar de orgias, nem gangbangs.
O anúncio em si foi de uma fofura sem fim, porque qualquer coisa que se lê com sotaque italiano fica deliciosa, porém a mensagem era tão inteligível quanto triste para qualquer um, inclusive os que não manjam nada da famosa língua falada com a boca, mãos e braços.
Aqui no Brasil, por sorte ainda não fomos proibidos em níveis assim tão radicais, e somos abençoados pelo fato de o Carnaval ser festa de começo de ano e não segundo trimestre, porém, ainda que pesarosos, sabemos que já é hora de tomar algumas providências para evitar que todo mundo fique doente ao mesmo tempo.
Beijo triplo, por exemplo, se der pra segurar, melhor. Uma chateação, porque não é sempre que a oportunidade aparece, e ter que dizer “não” para ela parece injustiça divina, mas a chance de um dos três narizes que se encostam ter o vírus e distribuí-lo é imensa, de modo que suspendamos temporariamente a já saudosa prática.
Indo um pouco adiante, é hora também de segurar a frequência dos ménages. Quem sabe trocar de uma coisa semanal para uma vez a cada dois meses, não sei, tentando aproveitar brechas de estabilidade do vírus para fazer um casting mais certeiro, com participantes que não apresentem sintomas.
Tendências mais hardcore também não serão de bom tom ao longo da pandemia. Garganta profunda, por exemplo, que pode provocar um ataque de tosse em quem recebe, confundindo a outra parte – pense no constrangimento.
Bem como cusparadas, antes tão interessantes, nos membros e em todos os tipos de orifícios, especialmente a boca. Se tem uma coisa pouco sexy e excitante é entrar na noia da amostragem viral por gotícula de saliva, então, honestamente, pra quê? Deixemos para depois.
Isso não significa, no entanto, que para ficar saudável seja preciso nunca mais transar. Sem drama. Dar de quatro, por exemplo, hoje não é só posição sexual, mas também forma de sobrevivência. Dá até para espirrar sem cobrir o rosto, o que significa grande vantagem: as mãos podem continuar operando milagres nos peitos, clitóris, puxando cabelo, e me parece que dessa maneira continua tudo ok.
No pior dos casos, que tal incorporar a máscara à brincadeira? Aqueles modelos de farmácia são de fato muito básicos, mas, à moda dos abadás, é possível personalizar e sensualizar os paninhos com renda, transparências, tirinhas de couro. Na quarentena do corona, só passa tesão quem quiser.