‘Fleabag’ e o desejo pelo proibido
Por Carmen
“Eu tenho um ânus gigante?” É a pergunta que Fleabag faz para a câmera logo nos primeiros cinco minutos do primeiro episódio da primeira temporada, após a cena de uma transa, e logo sabemos que a premiada série da Amazon Prime é direta ao ponto quando o assunto é sexo (e sobre todos os outros temas também).
Adoro quando a personagem declara no episódio seguinte: “Não sou obcecada por sexo, apenas não consigo parar de pensar nisso, na execução, no desajeitamento, no drama, no momento que você percebe que alguém quer o seu corpo. Nem tanto na sensação do ato”.
E passamos, então, por encontros casuais, constrangedores, abusivos (sendo ela a abusadora!) e até por uma sexposição (exposição sobre sexo). E quando a gente pensa que crua, ácida, pungente eram as principais descrições para Fleabag, chega a segunda temporada e, voilá, o hot priest (padre sexy). Desde então, estou (estamos?) revendo e revendo cenas da tensão sexual entra a protagonista e esse homem proibido. Uma série que causava risos nervosos, de repente, excita.
Com o fim dessa segunda fase e a rara possibilidade de que uma terceira seja feita – a genial Phoebe Waller-Bridge, protagonista e criadora de Fleabag não quer dar seguimento à história – vivo uma grave crise de abstinência que me forçou a assistir tudo de novo para criar a minha lista de melhores momentos sexy entre Fleabag e o padre desbocado e descolado interpretado pelo ator Andrew Scott.
Fico me perguntando se o fato de ele ser padre católico e, portanto, ter todo um contexto de desejo proibido é que apimenta as cenas, que, aviso, não têm nada de explícitas. Minha conclusão: se esse é, sem dúvida, um ingrediente, ele seria insosso sem o tempero do diálogo maravilhoso, do carisma do personagem, da afinidade entre os intérpretes. Não preciso de dorsos e bundas na tela. Assim como Fleabag, gamei na batina.