Fotógrafa conta como foi fazer seu primeiro ensaio sensual
Por Carmen
Um casal de namorados procurou a fotógrafa Beatriz Salla, em São Paulo, para uma sessão de fotos sensuais: pouca roupa – em alguns momentos, nenhuma -, cenas que remetiam a sexo, na intimidade de um quarto. A profissional nunca tinha feito nada no estilo, mas a dúvida inicial logo se dissipou com o apelo do desafio de fazer algo diferente.
Ela, que está acostumada a clicar mulheres em lingerie, comentou como foi a nova experiência: “Acho que definir um ensaio como sensual é algo muito pessoal. Para mim, por exemplo, um olhar e um sorriso são muito mais sensuais do que uma pessoa sem roupa. Considero erótico algo feito mais para os outros do que pra si. Na verdade, esse termo me lembra um pouco revista masculina! Se eu tivesse que usar uma palavra para descrever esse ensaio com certeza seria íntimo. Em todos os sentidos”.
Como surgiu a oportunidade de fazer as fotos sensuais de pessoas comuns, reais, que não são modelos interpretando?
Foi a primeira proposta nesse estilo que recebi de um casal. Por ser algo diferente do que eu costumava fazer fiquei meio em dúvida, achava que não ficaria muito com a minha identidade, e isso é importante para mim. A empolgação deles me animou tanto e eu, que adoro um negócio novo e diferente, já logo me esqueci dos questionamentos e topei tudo! Para minha surpresa, me identifiquei em absolutamente tudo, durante todo o ensaio. As fotos ficaram exatamente como eu imaginava. Conseguimos alinhar tudo que eles pediram com o meu jeito de trabalhar e de criar, foi sensacional.
Quais são os cuidados e detalhes que um ensaio como esse requer? Como fez para dirigir o casal, deixá-los à vontade?
Como qualquer situação em que uma pessoa está nua e vulnerável, o principal cuidado é criar um ambiente agradável e seguro. Eu estou sempre 100% aberta e entregue para qualquer cliente meu. Seja ele um casal, uma única pessoa ou uma marca. Acredito que isso estimule o outro a se entregar também. Se sentir seguro. É um caminho de mão dupla, não posso exigir uma entrega se eu mesma não estou assim. A direção é sempre muito natural, eu vou montando cenas, como se fosse um filme mesmo e peço para eles fazerem isso e aquilo, mas não demora muito eu já nem preciso falar nada. Vou só arrumando um detalhe aqui, ali e assim que tenho o resultado que quero, mostro para eles aprovarem e vamos para a próxima cena.
E você, como fez para se sentir à vontade para fazer o seu trabalho? Como descreveria a experiência?
Acho que não teria motivo para que eu não me sentisse à vontade. Fotografia é a minha paixão, são sempre pessoas incríveis que conheço e analisando a situação do ensaio, não havia nada que eu nunca tivesse visto! A experiência foi maravilhosa para mim. Eu finalizei o trabalho com mais certeza ainda do quanto temos que estar sempre abertos ao novo. Você pode imaginar o que vai acontecer, mas na verdade você nunca sabe. É preciso viver aquilo para chegar a uma conclusão. Acho que posso dizer que existe a Bia antes desse trabalho e a Bia depois dele!
Como não cair no vulgar? Essa linha é tênue?
O vulgar, para mim, está nos olhos de quem vê. Se o seu olhar julga que aquilo é um momento vulgar, você vai fotografar de uma maneira vulgar. Se você acha algo íntimo e delicado, assim vai ser o resultado. Tudo depende de como você vê.
Na sua opinião, o que leva casais a quererem esse tipo de registro?
Acredito que o que atrai casais pra esse tipo de experiência é o novo, o inesperado. É sempre excitante. Posso fazer dez trabalhos com o mesmo casal e cada um vai ser único. Acho que esse é o interessante, não é algo que se repete. Pessoas são diferentes, casais são diferentes, isso só me proporciona momentos únicos.
Que tipos de pose, luz, cenário, mais funcionam nesse tipo de ensaio?
Na parte técnica do ensaio, o principal pra mim é usar menos barreiras possíveis. Não uso flash, nem nada do tipo. Apenas eu e o casal, ou a pessoa que vou fotografar. A câmera é intimidadora, muitas vezes mudamos a postura só por saber que estamos em frente a uma lente. Fazer com que isso afete o menos possível é o meu objetivo.
A composição da cena, objetos, paleta de cores e todo resto é criado no momento e de acordo como o ensaio vai fluindo.
Pra mim, o diferencial nesse estilo de trabalho, não só em um ensaio, mas pra qualquer assunto que tenha sexo como pauta, é a maneira como você enxerga isso. Eu trato como algo natural, como qualquer outro assunto. É algo biológico e fisiológico que todos temos e fazemos. Não existe razão para pisar em ovos. É só mais um fato sobre a vida. E isso se aplica nos ensaios! Acho que a melhor técnica é a naturalidade.