A falta que o tesão me faz
Por Dolores
Em uma reunião de amigas, não muito tempo atrás, comentei que convidava meu namorado pra transar todos os dias – às vezes uma vez, às vezes mais. Elas riram, achando que era piada, mas repeti a estatística e todo mundo fez cara de espanto. “Mas, gente, eu tenho vontade duas vezes por semana, no máximo”, disse a maioria, e fiquei ali me sentindo um alien tarado transpirando testosterona.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Boletos, perrengues, cólicas, tretas. E foi quando finalmente me senti pertencendo 100% à minha gente: nem mesmo os vídeos mais lubrificantes da internet têm me feito pensar em sexo.
Experimentei esfregar diariamente o tal creminho de hormônios nas coxas, em vez de dia sim, dia não, como havia mandado o médico. Sim, eu sabia dos riscos de ficar com um clitóris enorme e de me crescer um gogó, mas meu objetivo era importantíssimo, porque havia uma reputação a se honrar. Como assim eu deixava de ser a máquina de sentar na cara que sempre fui?
A aplicação diária não surtiu efeito algum além dos pelos que ficaram mais grossos. Toma maca peruana, sugeriu um amigo no WhatsApp, parece que a mina dele vinha ingerindo uma cápsula de manhã e arrancando a cueca dele com os dentes à noite. O que é que custava?
Custava R$ 60 o mês, no total. Melhorou minha circulação, fiquei com menos celulite, passei a fazer xixi a cada 20 minutos, mas, querer foder, que é bom, nada.
Houve quem dissesse que era problema espiritual. Que meu chacra da xoxota estaria bloqueado, e, assim inviável, me fazia ficar com a libido baixa. É em terreiro que tem que ir, perguntei confusa, e me explicaram que bastava uma sessãozinha de reike pro negócio voltar a fluir com leveza. Pois abriram, alinharam, ajustaram a cor de cada um dos meus pontos de luz, mas a situação continuou preta.
Será que a questão são os parceiros? Sou do tipo que de fato se enjoa rápido do mesmo corpo, especialmente se ele não for dos mais suculentos ou funcionais, então podia ser que eu estivesse sofrendo de tédio diante do rodízio dos mesmos pintos.
Acionei contatinhos, comprei calcinha nova e entrei em campo focada na minha missão. Fracasso – nem mesmo a melhor das opções na agenda telefônica foi capaz de me motivar.
Vai ver eu morri e não tô sabendo. Esse deve ser o céu, e aqui realmente não se transa.
E há o fato de que a vida não para enquanto você está sem tesão, né – e, no caso de alguém que escreve sobre sexo, esse quadro é ainda mais cruel. Algo como um cozinheiro de dieta que tem que fazer cheesecake todo dia. Ou um instrutor faixa-preta de caratê que quebrou a bacia e precisa ensinar o ippon à nova turma. Puta enrascada, por todos os lados.
Como é que se sai disso? Como é que se volta a ser o alien tarado da turma, aquela que, até uma semana atrás, vivia pronta, com a calcinha de lado, só esperando para encontrar alguém disposto a se encaixar por trás de mim, curando aquele desespero delícia que o excesso de tesão causa?
Pois foi por isso que vim gritar esta queixa. Porque imagino que essa nossa relação, leitora e leitor, tem que ser uma via de mão-dupla. Ajude sua escritora favorita a reconquistar a libido e a voltar a subir pelas paredes: compartilhe aqui nos comentários, ou no email do blog, aquela sua dica mais poderosa da vida. A recompensa, prometo, vai ser o texto mais safado que eu puder publicar por aqui.