É Dia do Sexo, mas pode chamar de Dia dos Hormônios
Por Carmen
Neste 6/9, em que se comemora o Dia do Sexo, resolvi falar do que realmente manda nessa bagaça chamada desejo, os hormônios.
Aos 20 anos, eu não entendia o que se passava comigo. Eu tinha um namorado lindo, inteligente, engraçado, sempre de pau em riste, mas depois de alguns meses de namoro, simplesmente não tinha vontade de transar com ele. Éramos jovens despreocupados, desestressados, nos amávamos. Para onde estava fugindo meu tesão?
Foi só quando o namoro acabou e eu resolvi dar uma pausa no anticoncepcional que entendi. Aquela coisinha rosada que engolia automaticamente todos os dias estava silenciosa e sorrateiramente levando minha libido embora.
Peguei birra eterna pelas pílulas e nunca mais tomei. Passaram muito tempo e muitos papos com amigas e médicos que juram que as doses hormonais dos anticoncepcionais são diferentes hoje em dia e o impacto da diminuição da testosterona no nosso corpitcho não é mais o mesmo. Na dúvida, adotei e incentivei meus parceiros a se adaptarem à camisinha e vivi feliz para sempre.
Quase. Porque com o tempo também veio um melhor entendimento do meu corpo e fui percebendo que o ciclo menstrual pauta o ciclo sexual, não importa se hormônios estão sendo ou não ingeridos, injetados ou liberados sob a pele, dentro do útero. Aqui faço uma observação: não tem regra universal, quando mais leio e converso, mais vejo que cada um funciona de um jeito, até porque muuuita coisa que influencia os níveis hormonais.
Simplificando, os hormônios são pequenas moléculas liberadas no corpo pelas glândulas e outros órgãos. Em grego, hormônio significa pôr em movimento e essas moléculas de sinalização viajam na corrente sanguínea como mensageiras, carregando instruções por todo o corpo. Quando chegam ao destino, normalmente se ligam ao órgão-alvo, que absorve a mensagem e se comporta de acordo. Ou seja, sua vontade de transar pode ser enorme ou nula, dependendo de qual plaquinha os hormônios estão carregando no dia: “Dê muito”, “Chupe loucamente” “Dormir é mais importante”, “Só tem gente broxante no mundo”, e assim vai.
Aqui funciona assim: bandeira vermelha levantada, libido de boa. Transaria fácil todos os dias do período menstrual, apesar de não ser exatamente prático. Assim que acaba, começa a melhor fase do mês, aquela que eu queria muito que durasse o ano todo, a década toda. Eu quero um pau entre as minhas pernas todo dia, mais de uma vez por dia. Não é irreal imaginar uma rotina em que transo de manhã, me masturbo umas três vezes ao longo do dia e transo mais à noite. Sexo vem à mente no trânsito, no trabalho, na esteira ergométrica. Estou o dia todo lubrificada. Os orgasmos são mais fáceis e intensos. Isso vai indo em uma crescente até, mais ou menos, a metade do ciclo do mês, quando, em geral, estou ovulando.
Depois, como tudo na vida, vem a baixa. A libido vai diminuindo e quando meus seios começam a aumentar e ficar mais sensíveis, a TPM começa a dar sinais e minha vontade de transar vai para quase zero. Nessas horas, acredito que é possível ser feliz sem sexo. É a hora que meu namorado precisa se dedicar muuuuito, com oral e muitas preliminares. Sempre começo achando que não vou gozar e fico surpresa quando consigo.
O mais curioso é que um ou dois dias antes de descer a menstruação, o desejo volta. É um sinal, junto com outras sensações físicas não tão boas, de que é hora de começar a usar o coletor e os absorventes.
E assim la nave va, mas o rumo do navio pode mudar a qualquer momento. Sempre depende do capitão-hormônio.