Dia do Orgasmo é dia de passar creminho

Por Dolores

Vinha transando algo como três vezes por semana, gozando em quase todas elas, mas bastou um número diferente no exame de sangue que o médico decidiu que havia chegado a hora – eu era candidata ao creminho. Rabiscou uma receita, explicou rapidamente os procedimentos, e avisou que, se começasse a engrossar a voz ou a crescer o clitóris, precisaria agendar sem demora um retorno.

O creminho é feito de testosterona. Quer dizer, é feito de óleos minerais e veículos específicos, mas tem na composição uma porcentagem baixa do hormônio responsável por dar tesão, disponibilidade, força física, barba, calvície e agressividade aos homens. Agora, com meu hidratante novo, eu teria a chance de experimentar tudo isso sem precisar trocar de nome no RG.

Ginecologistas receitam creme com testosterona para mulheres quando seus marcadores vêm baixos do laboratório, ou quando elas se queixam de baixa libido na cama. No geral, eu achava que a libido estava ok, com episódios socialmente aceitáveis de vontade de transar ao longo do dia, mas havia trepadas em que me faltava a concentração necessária. Para gozar no sexo oral, por exemplo, quando eu acabava pensando na minha série favorita ao invés de prestar atenção na língua que empurrava minha xoxota. Pois bem.

Nos primeiros dias, o creminho é igual a um placebo. Se eu estivesse esfregando manteiga Aviação no braço daria exatamente na mesma. Zero efeitos, zero mudanças, e a sensação de que, talvez, meu organismo fosse defeituoso demais para reagir a estímulos sintéticos a ponto de passar a funcionar diferente.

Foi na terceira semana que o milagre aconteceu. Não sei se foi porque resolvi assistir peça do Zé Celso naquela noite, se foi porque bebi meia garrafa de vinho com amigos, mas o fato é que o creminho, enfim, bateu.

Mas o que muda, Dolores, você há de me perguntar. Muda que o tempo que antes eu levava para “ligar”, esse prazo agora caiu pela metade. Não vivo com tesão o dia inteiro, mas vivo com tesão metade do dia, sem dúvida alguma. São momentos distribuídos ao longo das horas que passo acordada (os sonhos eróticos continuam na mesma quantidade de sempre), mas muito mais frequentes do que estava acostumada.

A reação aos estímulos também fica maior. E por estímulos não quero nem dizer apenas aquelas lambidas na orelha e na nuca que a gente leva de vez em quando, mas, sim, os estímulos visuais que pulam na nossa frente o tempo todo na rua, na chuva, na fazenda. Na vida. Virei um boy no sentido de que, agora, basta olhar pra algo apetitoso que (não só) a boca se enche de água.

Mas e os orgasmos? Pois é. No dia de hoje, especialmente, em que se celebra essa dádiva suprema que é gozar, é importante passar o feedback sobre os efeitos do creminho sobre a capacidade de chegar lá.

Orgasmo com penetração não sinto que tenham mudado tanto assim – o que eram seguem sendo, e isso é uma boa coisa, confiem em mim. Porém, quando o assunto é orgasmo clitoriano, aí, meus amigos, segurem na cadeira. Com o creminho, não só a intensidade da explosão que vem quando esfrego a xoxota cresceu, como triplicou a capacidade de ficar gozando seguidas vezes.

O que significa, em outros termos, que, caso eu deseje, posso passar uma tarde inteira na companhia do meu vibrador, do meu creminho, dos meus vídeos e fotos e memórias favoritas, e só levantar da cama quando o interfone tocar avisando que o Rappi chegou.

E, se isso não é um felicíssimo Dia do Orgasmo, eu não sei mais o que pode ser.

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