Diário sexual de uma grávida
Por Carmen
“Faz 43 minutos que meu marido saiu para trabalhar e eu ainda estou na cama. Eu poderia falar de noites mal dormidas ou da minha digestão preguiçosa, mas eu estou concentrada na sensação do edredom sobre o meu corpo seminu. Sinto tesão. Eu vivo com sono, vontade de comer empada e tesão, esse pode ser um dos resumos da minha gravidez.
Estou decidida a levantar, mas resolvo cumprir antes o que se tornou um ritual desde que minha barriga começou a crescer para valer. Fecho os olhos, abro as pernas e levo meus dedos para brincarem nas minhas dobras úmidas. Elas estão constantemente úmidas. Estou com um volume de sangue 50% maior que o normal, e a sensibilidade da vagina, consequentemente, é maior. Em uma reação em cadeia, tive aumento da lubrificação e, em paralelo, a mucosa está mais espessa. É como se eu tivesse produzindo um KY natural – o tempo todo.

Gozo rápido e tento seguir com a minha manhã. Por algumas horas, esqueço o desejo de ser preenchida por um pau, dedo, dildo, o que for. Mas perto da hora do almoço, bate uma fome sexual novamente e começo a olhar de esguelha para o sofá convidativo.
Sento quase deitando e pego o celular. Eu nunca tinha assistido à pornografia pelo celular até virar essa ninfomaníaca barriguda. Antes era só na TV e, geralmente, no motel, nos tempos de namoro, e considerava totalmente dispensável. Agora tenho meus sites preferidos, vídeos recorrentes, que assisto duas a três vezes por dia. Sinto repulsa pelos vídeos de grávida, mas curto temas variados. Gozo sempre antes de terminar.
Enquanto segue a tarde, me pergunto se esse excesso de orgasmos e penetrações não seria ruim para o bebê. Sei que soa bobagem, mas gestação traz esse tipo de piração. Nos sentimos culpadas pela taça de vinho, pelo sushi e até pelo prazer.
Quando a noite cai, vou tomar banho e olho para a minha barriga. Não me sinto sexy, mas isso não me broxa nem um pouco. Mais uma vez escolho um vídeo e acaricio meu clitóris até latejar. Fico pensando se mais tarde vai rolar sexo com meu marido. Quando ele chega, falamos do enxoval, do morfológico e do presente da tia dele que chegou por Sedex. Ele não sabe das minhas pausas na rotina para ver xvídeos.
Ao deitar na cama, estou com o corpo todo cansado, mas a xoxota continua acesa, como se tivesse coberta por lâmpadas de led. Encosto minhas pernas nas dele, que vem para cima de mim. Imediatamente fico tensa, aflita com a pressão na minha barriga. Ele percebe e desiste. Não tenta a posição de lado nem lembra que existe oral. Dorme. E eu pego o celular.”