Se você não faz, tem o que faça
Por Carmen
Anos atrás, na primeira vez que fomos parar em uma cama, ele me beijou longamente, percorrendo aquele circuito longo e sinuoso que é intuitivo, mas tão pouco explorado. Atrás da orelha, pescoço, colo, lateral dos seios, bicos dos seios e descendo. Não me lembrava de algum cara ter ficado tanto tempo beijando minha cintura e minhas ancas – lados direto e esquerdo. Quando ele chegou à parte superior do meu triângulo, onde a penugem começaria se eu não me depilasse por completo, eu já estava uivando. Até hoje, anos depois, lembro da sensação daquele sexo oral, uma viagem sensorial e vertiginosa que pareceu ter me jogado para o alto, fora da Terra, e de volta àquela suíte de motel.
Seguimos transando muito, sempre, com sexo oral no menu. Mas se antes havia igualdade entre felação e cunilíngua, com o tempo, a representatividade da língua dele na minha buceta foi diminuindo. Ele quase nunca se dispunha a descer. Eu ficava possessa de ter que pedir. Eu amo ser chupada, dois minutos lá, e eu estou completamente pronta, mesmo em dias de cansaço e bode.
Em vez de ficar na amargura, resolvi ter autonomia no meu prazer. Procurei na internet brinquedos que simulam o sexo oral. E, de repente, conheci artefatos de design bizarro ou preços broxantes. Um deles parece um ventilador de pequenas línguas de silicone, bem controverso, já que sexo oral é bem mais do que lambidas rápidas no clitóris. Pelas avaliações dos usuários, não foi aprovado.
Outro simula uma boca de silicone com pequenos massageadores arredondados dentro, os lábios criam um vácuo na vulva e o acessório começa a atuar em diversas intensidades para excitar a mulher. Parece bem tecnológico e promissor, mas está atualmente indisponível nos sites de venda.
Fechei o computador e decidi reivindicar o meu direito de ser chupada com frequência.