O caso Neymar e a questão do chá

X de Sexo

Por Carmen

Jura que você vai querer entrar nessa seara?, pergunta uma amiga, quando digo que vou escrever sobre o caso Neymar. “Boa sorte, esse é um assunto espinhento”, comenta outra.

De fato, no momento, nem a polícia sabe ainda o que aconteceu na suíte do Hotel Sofitel Arc Du Triomphe, em Paris, e minha vontade, ao sentar no computador e escrever, não é especular ou julgar. Acredito, porém, que uma acusação de abuso, quando ganha os holofotes, é oportunidade para um debate que nunca acontece em excesso: o consentimento sexual.

Comecei a criar uma analogia futebolística. Duas pessoas estão em lados opostos do campo, batendo bola uma para a outra. O jogo só continua se ambas seguirem chutando. Se uma delas não quiser entrar no campo, se troca passes por uns instantes ou até mesmo por 90 minutos, mas desiste e para, mesmo que ela continue em campo, mesmo que não tire o uniforme, significa que não está mais interessada em jogar. E a comparação seguia por aí. No entanto, lembrei do maravilhoso vídeo que a polícia da região de Thames Valley, na Inglaterra, divulgou sobre consentimento. Vai na linha para leigos, simples e didático, relacionando a transa ao tradicional hábito britânico de beber chá e diz absolutamente tudo. Se ainda não viu, confira abaixo.

 

 

Homens não podem fazer pressão para transar, mesmo que tenham recebido nudes, provocações ou sejam casados com quem querem sexo. Também não podem abusar de poder, seja dinheiro, fama ou força física. Mulheres não devem manipular um sentimento de obrigação porque estão à disposição para o sexo ou chantagear para conseguirem o que querem.

Consentimento também vale para filmagens e fotos íntimas. Tudo parece tão óbvio, mas casos continuam acontecendo, com pessoas de todas as idades e classes sociais. No Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em março, foi apresentado um levantamento de 164 casos de estupro registrados por dia no Brasil.

O Instagram, onde começou o contato de Neymar com a moça que agora o acusa, virou a ferramenta preferida para quem quer flertes, dates, namoro ou sexo casual — muito mais que os apps feitos especialmente para relacionamentos amorosos. O motivo parece ser o fato de que a interação, por meio de elogios e emojis com algumas das várias pessoas que você observa no aplicativo, mimetiza muito mais a vida como ela é off-line do que um Tinder ou similar, onde os comportamentos são mais forçados e não há espaço para a dança do acasalamento.

Seja no Instagram, no Tinder, no trabalho ou na balada, o importante é lembrar que a dança, na verdade, é do consentimento.

 

 

 

 

 

Aviso
Esté é um blog sobre sexo. Se você tem menos de 18 anos ou considera o conteúdo inapropriado para você, clique aqui.