Fluidez sexual é o rótulo que queremos
Por Carmen
Criar conceitos ajuda a enxergar. Ficar apenas preso aos conceitos, cega. O sexo, essa tão incompreendida “entidade”, precisa tanto de ser identificado, descrito e classificado, porque não somos igualmente vividos, informados e abertos mental ou socialmente, para entendê-lo.
Estava na casa de um amigo em um bairro descolado do Rio, o abajur emanava uma luz vermelha difusa e as almofadas coloridas ganhavam todas tons quentes. Em pouco mais de 15 minutos, escutei das bocas sexy daquela galera jovem e moderna tantas definições, “hétero que só fica com homem por esporte”, o “hétero-flexível”, o “hétero-passivo”, o “hétero-discreto que busca machão”… que entendi que não importa, os rótulos são um paradoxo, precisam ser abandonados, mas ao mesmo tempo, ajudar a captar o mundo. Afinal, a sexualidade, há séculos, constrói a identidade pessoal.
“Meu rolo atual se diz hétero-passivo, sente prazer em penetrar uma mulher, mas gosta de ser penetrado por homem, ainda que rejeite qualquer traço de feminilidade nos companheiros”, contou um amigo.
“Já transei com casados que afirmavam que as mulheres eram cheias de pudores, e que jamais teriam prazer anal”, revelou outro.
“Estou com um cara que adora transar comigo, mas como não é frequente, ele acredita que não exista uma necessidade de sexo com homem. Logo, não se considera bissexual”, explicou mais outro.
Entre todas essas caixinhas, prefiro me ater à ideia de fluidez sexual: que não coloca limita, não define, dá liberdade. Não há opção, orientação, regras. Engloba todos os termos e nenhum ao mesmo tempo. Abraça quem transa com a mesma pessoa a vida toda e para quem experimenta novidades a cada dia.