Use a inteligência erótica contra a rotina
Por Carmen
Poucas coisas me dão medo no sexo. Pegar uma DST, sem dúvida, é uma delas, mas trata-se de algo que posso controlar, bastam alguns cuidados preventivos.
O que me assombra de verdade é algo que me parece inevitável: o paradoxo da intimidade e da sexualidade. Quanto mais íntima uma relação, menos erótica ela é. Mesmo casais que começaram com uma química maravilhosa, transando em qualquer canto e a qualquer hora, experimentando novidades e fazendo loucurinhas juntos, com o passar do tempo e maturidade do relacionamento, são vítimas, em maior ou menor grau, da rotina, da previsibilidade, do excesso de intimidade e segurança. Não importa a idade ou a orientação sexual.
Sou, como muitos, alguém em busca constante por intimidade, por conforto. Sou aberta a formar laços estreitos, a me abrir quando me sinto em segurança. Ao mesmo tempo, sou altamente sexual. Adoro fazer sexo, adoro falar sobre sexo, adoro sentir minha libido aflorando e minha atração física, intelectual e espiritual por alguém me eletrizar.
É aí que entra a inteligência erótica. Assim como a emocional, trata-se de um treino, de um cuidado com você mesmx (e com x parceirx).
A mestra Regina Navarro Lins explicou, como de costume, maravilhosamente bem esse conceito, dizendo que diminuímos as lacunas entre nós e x companheirx, mas é exatamente essa distância que dá o “clique” erótico. Dar espaço para a sexualidade aflorar novamente é o cerne da inteligência erótica.
A terapeuta belga Esther Perel dá palestras e escreve livros explicando como desenvolver essa sabedoria. Um de seus principais pontos é refutar a ideia de que a vida sexual reflete a qualidade do casamento (namoro, união estável, etc.). Ela afirma que há casais que tem cumplicidade, companheirismo, se divertem juntos, e não transam. Isso pode ser até comum.
Ela também diz que se a intimidade é central nos relacionamentos ocidentais, então, a sexualidade deve ser encarada como uma ferramenta para a intimidade e não uma recompensa ou consequência dela.
Como encontrar esse equilíbrio entre conexão e paixão? Nadando contra a maré da estabilidade, do conforto. O desejo precisa de espaço, de novidades, e acima de tudo, de preservação das individualidades, para crescer.