Liberdade sexual e intimidade física são conquistas árduas em vários lugares do mundo
X de Sexo
Por Carmen
Finalmente tirei uma noite para assistir “Christiane Amanpour: Amor & Sexo pelo Mundo”, programa-documentário disponível no Netflix desde dezembro. A correspondente internacional da televisão norte-americana rodou o mundo entrevistando pessoas sobre a vida íntima delas.
Cada episódio é dedicado a uma grande cidade – Tóquio, Délhi, Beirute, Berlim, Acra e Xangai — e traz uma panorama curioso – por vezes, emocionante – de como cada sociedade, pautada por valores culturais, familiares, históricos, religiosos e políticos, lida com a sexualidade, o amor, o desejo e os relacionamentos.
Algumas descobertas de Amanpour – e minhas também.
- Que a cultura japonesa é cheia de contradições a gente já sabe. Ao mesmo tempo que casamentos sem sexo parecem corriqueiros por lá, existem bordeis para mulheres, onde quem faz programa são os homens. A dificuldade de criar intimidade e demonstrar sentimentos do povo é tanta que existem eventos para que os maridos possam gritar, no microfone, “eu te amo” para as esposas. É terapêutico para eles. Assim como parece ser bom por lá usar dildo no pé. Não conseguiu entender? É um pau de borracha que se amarra no calcanhar, em vez de segurar com a mão.
- O país que presenteou o mundo com o Kama Sutra e que considerava, no passado, os transgêneros divinos, por unirem o feminino e o masculino, passou por um raio “conservatizador” ao longo da colonização inglesa e hoje, na Índia, a comunidade trans é marginalizada, é complicado para um homem e uma mulher que não são casados conseguirem fazer check-in em um hotel e existem abrigos para casais que desafiam a sociedade e a família, não aceitando casamentos arranjados. Por lá, o Tinder passou por maus bocados, porque não existe o conceito de “date”, o encontro.
- Berlim é o lugar mais progressista retratado no programa. Os moradores da cidade afirmam que fazem sexo, em média, 2.6 vezes por semana. Nem mesmo o Nazismo conseguiu destruir a vocação libertária dos alemães, apesar de ter tentado. Na época do muro, o lado oriental era sexualmente mais livre que o ocidental. Hoje, a cidade tem projetos de educação sexual para refugiados que, em geral, veem de países onde igualdade de gêneros e conversas sobre prazer, consenso e intimidade não são realidade.
- Em Gana, existem as esposas, as amantes e as namoradas. O grau de compromisso segue essa ordem. Hpmem rico, pode trair. Quem tem dinheiro, tem mais mulheres – poligamia é aceita – porque a desigualdade de oportunidades faz com que elas precisem de alguém que as sustente. Faz parte de um contrato implícito. O macho dá moradia e sustenta a fêmea. E ela, por sua vez, está SEMPRE disponível para sexo e cozinha para ele. Rústico e tribal assim. Machista e desrespeitoso assim.
- Impossível não enxergar também o papel inferior das mulheres nas relações no Líbano também. Homens podem obter divórcio sem avisar a mulher e têm a guarda dos filhos até eles completarem 14 anos.
- Xangai possui feiras de casamento em parques. Pais vão com placas para fazer propaganda de seus filhos – idade, escolaridade, etc. A ideia é conseguir noivos e noivas para aqueles que já passaram dos 27 anos e são considerados “restos” ou “galhos secos”. A maioria dos filhos não sabe que os pais fazem isso. Na China também temos uma coach de namoro, que ensina jovens com alto grau de escolaridade, empregos bem pagos em empresas multinacionais, mas que nunca foram beijadas ou abraçadas pela própria família, a apreciar o contato físico, flertar e fazer sexo.