5 razões para assistir a “Sex Education”

X de Sexo

Na primeira cena de “Sex Education”, série da Netflix que estreou este mês no serviço de streaming, um garoto finge orgasmo ao transar com a namorada. Fica claro que esta não é mais uma comédia dramática adolescente cheio de estereótipos e clichês. Na cena seguinte, é a vez de outro personagem, o principal, fingir: ao não conseguir se tocar, ele suja papel higiênico com hidratante para passar a impressão de que se masturba como qualquer outro menino da sua idade. Quando as dificuldades e tabus masculinos ganham destaque desse jeito nas ficções teen?

 

sex education
Crédito da foto: Divulgação/Netflix

 

A série acompanha a vida do estudante Otis, um menino magrelo, tímido e doce que, de tanto ouvir atrás da porta as sessões de sua mãe, Jean, terapeuta sexual, com pacientes no consultório instalado na casa deles, tem conhecimento teórico em excesso e passa a dar conselhos sobre relacionamento e sexo para os colegas de escola –todos confusos, angustiados e sem controle da ebulição dos hormônios da puberdade.  Ao mesmo tempo, com tanta liberdade de falar e ouvir sobre pênis, vaginas, orgasmo e ejaculação casualmente, criou bloqueios quando o assunto é sexo na prática. O que rende risos e uma simpatia imediata pelo garoto.

“Sex Education” é uma delícia de assistir, daquele tipo engraçado e comovente ao mesmo tempo. E pode ensinar uma coisa ou outra sobre sexo para os adolescentes que resolverem maratoná-la.  Segue a minha lista do que há de melhor nessa primeira temporada da série:

1. É uma mudança bem-vinda assistir a uma história adolescente que se passa em um colégio do interior do Reino Unido e não em uma high school norte-americana. Apesar de alguma similaridades, como o grande momento do baile e a popularidade dos esportistas — tudo parece mais real com o sotaque britânico. A série, sem dúvida, bebe da fonte das boas comédias teen de Hollywood dos anos 1980, como “Clube dos Cinco”. A trilha sonora, que mistura gêneros e épocas, também é digna de ganhar uma playlist no celular.

2. Eric, o melhor amigo de Otis, é negro e gay, o que faz dele um sobrevivente na selva escolar. Ele também é péssimo músico e um tanto irritante. Mas é emocionante sua resiliência, por exemplo, quando ele se recupera rapidamente, como se nada tivesse acontecido, depois de ser humilhado por um brutamontes. A amizade totalmente natural entre os dois, sem preconceitos, sem mal-estar, é como todas as relações deveriam ser.

3. Jean é interpretada por Gillian Anderson, uma atriz que transborda intensidade, seja no olhar, na voz ou na maneira de inclinar a cabeça – corra para vê-la na série “The Fall”, se ainda não assistiu. É maravilhoso vê-la em um papel complexo de mulher liberal, conectada com suas necessidades e vontades sexuais que, ao mesmo tempo, é insegura no papel de mãe.

4. A série não poderia ser mais clara em como bullying está quase sempre relacionado ao sexo, por conta da relação de poder necessária para o primeiro existir e inerente à existência do segundo. O cara bem-dotado é zoado. O gay é intimidado. O boato de que uma menina morde durante o sexo oral é de conhecimento público.

5. Os exemplos de sororidade dessa geração muito lindos, mulheres se apoiam em situações envolvendo nudes que rodaram a internet e uma clínica de aborto. São aqueles momentos que dá vontade de aplaudir.

 

 

 

Aviso
Esté é um blog sobre sexo. Se você tem menos de 18 anos ou considera o conteúdo inapropriado para você, clique aqui.