Dias sem tesão

X de Sexo

Por Dolores
Este é um blog de sexo, mas hoje vim aqui escrever sobre o não-sexo. Aquele arqui-inimigo do nosso tema principal, o vilão da trama, o Duende Verde dos quadrinhos tesudos que assume o roteiro quando, por qualquer motivo, tudo que menos acontece é pinto duro e xoxota molhada.
Todo mundo na vida já teve dias de não-sexo. Arrisco dizer que eles são, inclusive, mais frequentes que os dias transantes, e que a gente só não fala mais sobre isso porque se sente na obrigação de parecer muito cheio de libido o tempo inteiro, sob o risco de perder amigos, parceiros, empregos.
Eu mesma fiquei em pânico e contatei meus chefes para dizer que atravessava uma semana desértica de tesão. Perguntei se, além de sem sexo, eu também ficaria sem trabalho, se seria uma infeliz ex-praticante de surubas e artigos, atualmente classificada como desocupada e frígida. Fique tranquila, logo passa, quando você menos esperar está dando e escrevendo, um deles me assegurou, e por isso vim até aqui, confiante, oferecer a você, leitor, uma satisfação.

 

deserto
Crédito da foto: Pinterest

Uma satisfação e um alento, inclusive, porque, como mortal maior de idade que você é, assinante da Folha (clique aqui se você não é um robô, brinks, aqui não precisa clicar em nada), inscrito sob um CPF e cadastrado no banco de dados da Netflix, você, eu bem sei, também tem seus dias sem vontade de nada, e talvez fique se perguntando se isso é normal.
E não é nem questão de que a lubrificação some ou o pau não ergue, é mais profundo a ponto de não se querer nem dar aquela olhadinha marota nos vídeos salvos na pasta secreta. Eu tô ligada. Mas, como diz meu patrão, fique de boa, assim como veio, essa onda ressecada e mole vai embora, e tudo volta aos conformes rapidamente.
Pode ser uma gripe estúpida, pode ser um planeta retrógrado, uma dívida contraída recentemente, uma preocupação com o futuro do país – qualquer que seja a origem do seu momento de não-sexo, creia, ele é não só passageiro, mas, sobretudo, humano, demasiado humano.
Enquanto meu tesão não volta, vou alternando momentos ligeiros de uma pocket-depressão no sofá, algo que tento afastar assim que detecto, com atitudes minimamente produtivas. Lavar uma louça, pagar uns boletos no caixa automático. Hoje mesmo atravessei uma velhinha na avenida do lado de casa, e me senti quase feliz. Talvez ativando a circulação do resto, o sangue volte a fluir para onde a gente deseja.

Volto logo, não se aflijam, abraços secos, até já.

Aviso
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