Quando direita x esquerda chega no sexo
As eleições já são história. Temos um novo presidente eleito. Fez-se a vontade da maioria. Mas a polarização não deixou de existir do dia para noite só porque o último voto da última urna foi contabilizado. A sensação de que existem “nós” e existem “eles”, se mantém. E, sem querer alimentar estereótipos e ânimos arraigados, vejo que isso se reflete, sim, na maneira como cada um encara a sexualidade.
De um lado, o corpo é político. Mostram-se os seios para protestar. Reivindica-se a liberdade de amamentar em público, de abortar, de transar com quem quiser e de se proteger de quem não é bem-vindo. Afirma-se o direito de ser homem, mulher, cis, trans, hetero, homo ou um mix de tudo.Do outro, fica o lugar onde nasceram expressões como “pouca vergonha”, “lugar de mulher”, “fraquejada”, “merecer ou não ser estuprada”. Educação sexual vira doutrinação, “kit gay” vira assunto. Livros são desprezados. Onde vamos “vivenciar novas experiências, aprender a analisar as pessoas, obter conhecimento, divertir-se infinitamente”, como diz Ruth Rocha, se não com a leitura? E leia de novo essas frases. Tudo isso não é fundamental na formação de um ser sexual?
Tenho uma comichão em dizer que pessoas de esquerda transam melhor que as de direita. Mas seriam palavras irresponsáveis. “O único cara de direita com quem transei foi incrível”, diz uma amiga, depois de me acusar de estereotipar. “Você é cheirosinha e até se depila!”, zoa meu namorado, destruindo preconceitos em relação às minhas tendências eletivas. E a colega Dolores revela: “O cara de centro com quem venho trepando é a melhor coisa que já experimentei.”
Então, vamos combinar, quando o assunto é sexo, vamos focar nos movimentos de esquerda e direita dos quadris — com o bônus de progresso e retrocesso dos genitais.