Vídeo da suruba provou que os homens têm todos 15 anos de idade
X de Sexo
Por Dolores
A essa altura do campeonato, obviamente você já assistiu ao vídeo da suruba – não deve haver uma viva alma acima dos 18 anos que tenha ficado imune às cenas em que um homem parecido com o candidato a governador de São Paulo aparece deitadão na cama, rodeado de garotas de programa. Minha amiga Carmen, aliás, na ocasião do lançamento do curta-metragem, fez uma excelente análise do tema, recomendo a leitura.
Eu, por minha vez, pensei que ia deixar o assunto quieto e pular logo para algo mais dinâmico, um artigo que versasse sobre sentadas na cara, por exemplo, mas não consegui me conter e vim aqui rapidamente dizer que, em minha humilde opinião, a maior lição que o vídeo nos deixa não tem absolutamente nada a ver com moralidade, mas, sim, maturidade.
O dublê de Doria (ou o próprio, vai saber) provou para mim que todos os homens brasileiros terão para sempre 15 anos de idade. Desde o primeiro minuto em que a notícia vazou, comecei a receber mensagens no WhastApp de rapazes próximos a mim me perguntando 1) se eu já tinha visto, atitude normal, ok, concordo, 2) se eu também tinha achado “muito legal”.
E, putz, não, eu não achei nada legal. De novo: não vou esbarrar nem um centímetro na questão de, caso confirmada a identidade, o grande astro da produção seria um político casado, que costuma pregar a moral e os bons costumes em seus discursos. Quero apenas dar uma reclamada breve sobre a dura vida de uma mulher bissexual como eu.
O vídeo é tosco porque aquela é uma das surubas mais toscas de que já se teve notícias (aliás, talvez valha dizer que nem como suruba aquilo deveria ser classificado, já que 90% dos participantes estão ali porque alguém bancou financeiramente sua atividade). E como é que, mesmo com um cara morto em cima da cama, se achando o Mr. Catra quando na verdade está mais para Sassá Mutema, vocês ainda conseguem achar aquilo o máximo?
Ainda nesta semana, dois dias depois que o vídeo viralizou, estava em uma reunião entre amigos – eu era a única mulher no grupo – e o tema veio à tona. Quando alguém mencionou estar ainda virgem das famosas imagens, rapidamente houve um que já sacasse o celular do bolso, perguntando “Quer ver agora?”, apoiado por um segundo que encorajava o compartilhamento em tempo real com o clássico “Mostra! Mostra! Vâmo ver de novo!”.
Gente, por favor. Se vocês curtem aquilo porque se excitam ao se imaginar no lugar do homem que, rodeado por uma penca de minas, fica deitado “administrando”, como alguém disse, todas aquelas gostosas, está na hora de rever seu conceito de ação no sexo. Se você acha que faria o mesmo que ele, porque é assim que se age quando se está com muito tesão por ser o centro das atenções, também é o momento de repensar como você governa sua cama.
Suruba gostosa é o que não falta em vídeos disponíveis na internet. Neles, além de ser incomum que um macho inseguro da sua própria potência tenha pago a alguém para se envolver, as mulheres também recebem sua cota de prazer – e, surpresa!, nem na vida, nem na orgia, o prazer feminino vem exclusivamente de dar prazer para o masculino. Na vida real, precisa mais que a presença pelada de um macho limpinho para que a gente ache o rolê “muito legal”.
Minha sugestão é que vocês procurem não ter 15 anos uma vez na vida, e gastem tempo e punheta assistindo vídeos bons, com tesão de verdade, com o povo excitado não por estar realizando um sonho de moleque, mas, sim, por estar se relacionando com gente de verdade, com corpos de verdade, que gozam de verdade. Talvez soe assustador, mas é assim que acontece quando a gente cresce.