As eleições estão estragando minha vida sexual
Por Carmen
As eleições estão acabando com a minha vida sexual. Já não bastasse a rotina que massacra, o trânsito que esgota, o filho que preocupa, o trabalho que estressa. Quando chego em casa, pronta para tomar aquela tacinha de vinho tinto e contar como foi o dia, sai o novo Datafolha, apita mais um textão no Whatsapp e me sinto impelida a dar mais uma olhadinha no Facebook para ver a atrocidade que aquele carinha que trabalhou comigo em 2002, e eu nunca mais vi, postou desta vez. E pronto, fico monotemática, angustiada. O assunto invade a hora do jantar, o momento pré-cama, quando fechamos a porta, nos despimos e criamos nossa “ambience” de intimidade. Até mesmo trocamos a série do Netflix por discussões sobre economia, democracia e fake news. Não estou reclamando, o momento pede isso. Por fim, adormecemos, sonhando com um futuro que não conhecemos, abraçados, até nos tocamos um pouco, mas não seguimos adiante. Sexo é 100% cabeça, e as nossas não estão disponíveis. Mas , confesso, sinto falta do olhar de cobiça dele quando fico só de calcinha preta ao lado da cama. Quando o momento mais polêmico da noite era o vídeo do Porta dos Fundos que assistíamos juntos depois de gozar. Sinto falta de parar de falar e simplesmente beijar, engolir, sugar. O que me alenta é saber que tudo é cíclico. É vida-morte-vida. Seja da democracia, seja do tesão.