Um homem não precisa da Mrs. Robinson
Por Carmen
Era uma vez um cara de 40 anos. Ele me contou que, quando criança, estudou em um daqueles colégios só de meninos. Só foi conversar de verdade com uma garota, sem ser a irmã ou as primas, lá pelos 16 anos. Também foi um adolescente tímido, usava óculos e que passava mais tempo perto dos livros do que das meninas. O primeiro beijo aconteceu só no cursinho, aos 19 anos. A primeira transa, no quinto semestre da faculdade, aos 23.
Se essas experiências aconteceram cedo ou tarde na vida desse homem, não dá para julgar. Se esses detalhes da biografia dele influenciaram sua iniciação no sexo, também não tenho como saber. Cada um tem uma referência, uma roteiro original. No meu caso, por exemplo, as minhas “primeiras vezes” aconteceram todas aos 16, em um período de dois meses: uma língua adentrou minha boca pela primeira vez no mês de abril, peguei em um pau em maio e e esse mesmo dito cujo se enfiou entre as minhas pernas em meados de junho.
O que chama a atenção é como a trajetória sexual do meu amigo desmitifica alguns conceitos que vemos propagados por quem diz que “sabe das coisas”. Explico. Ele casou com a tal garota da faculdade. Os dois perderam a virgindade juntos, conheceram e exploraram o sexo apenas um com o outro durante anos. Ele nunca teve uma mulher mais velha e experiente, portanto, para ensiná-lo, como muita gente gosta de defender como sendo o melhor caminho para ser desenvolto no sexo e conhecedor do que dá prazer para si e para o outro.
E depois do fim desse casamento, há uns três anos, ele teve somente mais duas mulheres em sua cama. Ou seja, a quantidade de parceiras sexuais dele cabe em uma mão.
Mesmo com a iniciação “tardia”, com o aprendizado compartilhado com uma virgem cheia de moralismos e a pouca variedade de transas, ele é o que se convencionou chamar de experiente e”bom de cama”. Interessado em explorar as inúmeras nuances do sexo, ele experimenta, tenta, ousa, presta atenção, aprende, não se acomoda.
Enfim, ele gosta de sexo, não se prende a padrões, tabus e rotinas. É isso que faz a diferença na vida de um ser transante: não é a Mrs. Robinson, não é a quantidade de amantes.
Como eu sei que ele é tudo isso? Eu sou a terceira da lista.