Sexo bruto: quem não gosta?
Por Dolores
Mão na cabeça que força a goela profunda, safanão na bunda, nos peitos, na cara, mordida de deixar roxo, chupão. Será que a brutalidade no sexo tem limite? A vigência de fora da cama vale também para o que acontece quando a gente está pelado e excitado junto com alguém?
Confesso que transar com delicadeza não é minha praia já há muitos anos. Desde sempre, acho. Dão tesão até hoje momentos que tive em que a onda era não só da mais pura estupidez controlada, mas, também, do voyeurismo da própria selvageria – gostava de me olhar no espelho enquanto era comida de quatro, tomando dentadas na nuca. Minha cara de dor tinha o mesmo poder afrodisíaco que o pau de quem metia por trás em mim.
A maioria dos parceiros que passou pelo meio das minhas pernas desde então experimentou ligeiras doses de intensidade, cada um no grau de sua preferência. Houve quem se engajasse com dedicação no projeto e descesse a mão a ponto de me deixar a pele roxa, houve quem timidamente arriscasse no máximo um peteleco. Mas todos, sem exceção, em algum ponto do sexo já com intimidade, revelaram o bruto que carregam dentro de si.
O que me leva a pensar que, assim como em cada um de nós mora um glutão adormecido, trazemos no peito também, todos, um bárbaro em potencial. E, dada a oportunidade, assim como acontece com o faminto diante do prato de comida, nos deliciaremos com saraivadas de tabefes secos. Basta apenas que a outra parte nos estenda o convite e a mesa estará posta.
E, se estão todos, desta forma, em comum acordo com o que há de vir na hora em que caírem as roupas, quem há de legislar contra? Se há o ímpeto de erguer a mão e a ânsia de absorvê-la, por que raios seria preciso interrompê-la? Se na cama vale tudo que se queira, então que o sexo ignorante enquanto duro.