Para rir ou chorar: as atrapalhadas na hora do sexo
A Mari tinha conhecido um carinha nos corredores da PUC. Ele era um tesão e depois de umas cervejas no bar ao lado da faculdade, ela se animou muito quando ele a chamou para o pequeno quarto que ocupava em uma república a duas quadras dali, onde moravam outros três colegas do curso de Ciências Sociais.
Era novembro, e a Mari, que não era de transpirar, sentia a nuca e a parte interna das coxas úmidas. De tanto ter grudado o corpo no dele, durante os beijos que trocaram no corredor, tinha se afogueado toda. A luz apagada e o ventilador ligado tentavam compensar de leve a alta temperatura no quartinho bagunçado do garoto. O sexo foi aquela coisa empolgada, de roupas sendo tiradas ao mesmo tempo em que línguas e dedos trabalhavam. A pausa para a camisinha foi mais rápida que parada nos boxes da Fórmula 1, e a transa acelerou. Inebriada pela excitação, pelo calor, pela cerveja, Mari foi por cima e engatou a marcha rápida e intensa, do jeito que mais gostava de gozar.
No pique, nem se preocupava que os pés, que ficaram para fora do colchão, encostavam, batiam e derrubavam os objetos que estavam aos pés da cama. Mas sentiu um dor ardida quando acertou o dedão esquerdo com tudo nas pás do ventilador que estava sobre uma cadeira.
Pensou rápido, ou melhor, nem pensou. Na crescente para o orgasmo que estava, parar ou comentar algo estava fora de cogitação. Só correu para o banheiro pra ver o machucado depois de terminada a transa. O corte não era fundo, mas tinha sangrado bastante. Quando chegou ao quarto, encontrou a luz acesa e o garoto com cara de assustado. “Mari, acho que te machuquei”, disse ele, sem entender de onde tinha vindo tanto sangue. Ao olhar em volta, havia manchas por todos os lençóis, roupas, parede e teto. A animação na cama tinha literalmente jogado sangue no ventilador.
Eu era colega de faculdade da Mari e ri muito quando ela me contou a história de ter se empolgado tanto na cama que nem ligou para o dedo dilacerado. E sempre me lembro dessa situação quando faço alguma atrapalhada durante o sexo. Sou um tanto estabanada na vida. Prefiro acreditar que faz parte do meu charme. Mas isso significa umas escorregadas, cabeçadas e desequilibradas durante a transa. Também já levei uns socos sem querer, de pura empolgação do parceiro. Acontece. Mas medo mesmo eu tenho daquele momento do vai-e-vem por cima, quando você vai e o pau do cara erra o alvo, bate na virilha. Já pensou se quebra, torce, sei lá? Ui!
Segundo os urologistas, quebrar, não quebra, porque não tem osso. Mas há uma membrana elástica ali que pode ser fraturada quando o pênis está duro e é entortado de forma brusca. Dói, tem de colocar gelo, e o pinto vai ficando roxo e depois preto. Na maioria dos casos, a membrana se regenera sozinha, é só ficar um mês em abstinência sexual.
Que a desajeitada aqui nunca encontre um desastrado na cama.