Estados Unidos declaram guerra contra sites de prostituição
Na última década, profissionais do sexo têm usado a internet para obter mais independência, segurança e senso de comunidade dentro do universo da prostituição. Anunciar os serviços a partir da própria casa e poder escolher como e quem atender diminuem os danos de um trabalho arriscado por natureza.
Entretanto, uma guerra contra sites que divulgam o trabalho de garotxs de programa está em ascensão nos Estados Unidos. Há uma semana, o backpage.com, um dos principais endereços virtuais do gênero, foi tirado do ar, deixando “desempregados” uma multidão de trabalhadores do sexo. Foi uma batalha ganha por opositores morais e por políticos que aprovaram um decreto que fechou dezenas de marketplaces sexuais nos últimos tempos no país. A acusação é que esse tipo de negócio online propicia lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas e a prostituição infantil.
As prostitutas que dependiam do site para conseguir clientes se viram de uma hora para a outra sem programas e sem ganho algo. Algumas usuárias estão usando as redes sociais ou dando entrevistas sobre serem obrigadas a voltar para as ruas e, em alguns casos, encarar falta de moradia e alimentação até se estabelecerem novamente. “Estou definitivamente com medo. Eu queria terminar a escola. É muita incerteza, muita frustração, principalmente porque foi assim [com o site] que nos sentimos seguros. Eu não acho que tenho coragem de ir às ruas para fazer esse tipo de trabalho”, disse ao site da revista “New York” uma garota chamada Natalia.
“O que realmente me preocupa é a perda de informações de triagem e a perda de listas negras da comunidade”, comentou outra moça afetada pelo fim do site. Alertas sobre clientes ruins foi uma das maiores vantagens que as comunidades online propiciaram às prostitutas.
Com apenas 20 anos, Simone, deu uma visão pragmática: “Agora, o foco está em encontrar o próximo Backpage. Uma vez que há um vácuo como este, algo virá preenchê-lo. A demanda no mercado por sexo comercial nunca vai parar. O Backpage não me transformou em garota de programa, assim como o YouTube não pode transformar pessoas em músicos ou comediantes. Foi apenas o meio. Um meio acessível e livre”.