Uma ode à cama
Virgem, eu quase transei deitada no concreto oblíquo da barragem de uma represa desativada. Complexo, não?
Depois vieram lugares mais óbvios: banheiro da balada, praia, carro. Excitante, sim. Diversificar cenários é sensacional, diria até essencial, principalmente quando x parceirx não costuma variar. Mas confesso: nada como o conforto da cama. E sua versatilidade.
Nenhum outro lugar permite tantas posições, sem que o quadríceps (vulgo músculo da coxa) comece a queimar, ou o joelho a ralar, entre outros incômodos. No sofá, não raro, acontece de minha perna cair pra fora, prejudicando o vai e vem quando estou por cima. Visualizou? No capô do carro temos um problema de encaixe às vezes, idem sobre a pia do banheiro. Preciso inclinar beeem pra dar certo, e saúde pra minha lombar nesses dias. A gente acaba dando um jeito, mas prefiro acabar na maciez do colchão mesmo.
Parece papo de quem não tem mais 20 anos, e talvez seja. “Concordo muito com você, ainda mais ainda mais quando a gente vai ficando mais velho, hahaha. Em cima da mesa, na pia, no tapete, ok, maravilhoso, mas vamos terminar na cama?”, comentou meu amigo Rodrigo, quando disse sobre o que estava escrevendo neste blog.
A escritora Maria del Russo falou sobre o assunto também em um artigo pro site The Cut, da “New York Magazine”. Ela descobriu que era menos descolada do que imaginava quando encontrou o homem dos seus sonhos – hipster, criativo, barbudo e tatuado. Ele, porém, morava no sótão da casa de dois amigos, onde só se entrava engatinhando. Era literalmente o forro do teto sobre o banheiro. Na tentativa de ser espontânea e desencanada, ela resolveu aceitar o convite para o sexo no “quarto” dele. Deitou no colchão de ar e se sentiu em uma tumba. “Não era possível sentar, então tive de tirar minhas roupas deitada. Já tentou fazer isso sem ajuda? Eu me senti uma lagarta atrapalhada saindo da pele”, contou ela.
O que veio na sequência, segundo Maria, foi o sexo mais louco de sua vida, e não no bom sentido. “Nunca tinha me tocado que transar é muito melhor quando uma ou as duas partes podem levantar a cabeça.” Ela concluiu que além de barba e tattoos, o cara ideal também possui uma cama.