Esquenta de Carnaval: uma história com axé e algo mais
Para começar o esquenta para a folia, recebi alguns relatos de transas de outros carnavais. Este é da a Mariana.
“Era Carnaval, eu tinha 20 anos e nunca tinha ido para Florianópolis. Pensava que samba, marchinha e axé estavam somente acima do Trópico de Capricórnio. Acreditava que meu feriado seria apenas de sol, areia e mar – e estava achando ótimo. Naquela época, eu não tinha a informação que a capital catarinense era lugar de muita badalação, festa e gente bonita, como acabou, depois, ficando bem conhecida.
Eu me hospedei na casa de parentes de parentes. E ali morava o Felipe. Quando a gente era criança, as tias em comum brincavam que éramos namoradinhos, só porque tínhamos a mesma idade, com diferença de dias. Eu gostava. Mas ele morava no Sul, eu no Sudeste, e os raros encontros da infância, quando ele vinha pra São Paulo visitar as tais tias, deixaram de acontecer. Aos 16, quando o encontrei de novo, ele era um tímido surfista com sotaque engraçado de “manezinho da ilha”. Lindo, mas não conseguimos trocar nem duas palavras. Adolescência é foda.
Então, com a memória daquele garoto de ombros largos que sorria com os olhos, fui parar exatamente na casa dele, anos depois, para 5 dias de feriado. Desta vez, era uma universitária comprometida, mas um tico mais ousada e autoconfiante.
Nossa conexão foi imediata. Parecia que havia uma cumplicidade entre nós. Ele me olhava como se quisesse dizer: sim, eu lembro que éramos namoradinhos de infância, temos uma “história” nossa. Na primeira noite, ficamos na varanda até as 5h da manhã conversando. Chovia, e ele passava a mão nas gotas do parapeito e as jogava em mim, brincando. Sentia o gelado da água na pele como pequenos choquinhos. Se ele encostasse a mão em mim, eu ia entrar em estado líquido, viraria gota, chuva, poça. Eu estava sob o efeito de um dos mais poderosos estimulantes do mundo, a atração sexual na juventude. E a prolongada expectativa de que algo acontecesse me fez ver o dia amanhecer, sem dormir.
E assim foram os dias. Ele me mostrou a cidade, as praias, a lagoa, sempre de bugue, sempre conversando sobre a vida. À noite, com os outros primos, fomos a uma festa na Praia Brava. Bebemos, dançamos, tocava Chiclete com Banana, Asa de Águia e Daniela Mercury. Até hoje lembro daquela noite quando ouço música baiana. Ele segurava na minha mão para atravessar a multidão. As luzes coloridas davam a impressão de que tudo era um sonho, assim como a sensação inebriante dele segurar na minha cintura, enquanto tentávamos chegar ao bar para mais uma cerveja. Quando encostei no balcão, o sonho ficou bem real: senti o pau duro dele contra a minha minissaia.
Eu só pensava em beijá-lo, agarrá-lo e dar um jeito do Carnaval durar até dezembro.
Então, eu fui ao banheiro, que ficava do lado de fora do quiosque. Quando sai, ele me puxou pra areia. Tinha gente ali, observando o mar noturno. Mais alguns passos, havia casais, que não observavam mais nada. Fomos além, onde não havia ninguém. Deitei na areia, ele veio por cima. Nas costas, eu tinha a sensação da areia fria e um pouco úmida. Na frente, sobre meus seios, barriga, pélvis, pernas, havia a força, o calor e a intensidade daquele garoto delicioso. Minha saia virou um cinto. Minha calcinha de algodão foi colocada pro lado, pra virilha. Ele me penetrou fácil, tão fácil. Gozei rápido, confesso. Ele não demorou muito depois. Ficamos desmaiados ali, ele sobre mim, no melhor Carnaval da minha vida. No dia seguinte, éramos amigos, primos distantes de novo. Mas com mais um capítulo praquela nossa história intermitente.
E eu fico pensando como é bom transar quando a gente está mega melada. É um estado que você só atinge quando há novidade, quando há expectativa. Hoje, casada, eu tenho uma vida sexual boa, mas nunca fico com aquela lubrificação do Carnaval de 2000.”