As 5 histórias mais curiosas da sexualidade
X de Sexo
Na tarde em que havia um punhado de gente protestando em frente o Sesc Pompeia contra a filósofa Judith Butler, uma das principais estudiosas de gênero e autora da teoria queer, eu resolvi que seria um bom momento para finalmente conferir outro evento que arrepiou os pelinhos da parcela mais conservadora dos paulistanos, a exposição “Histórias da Sexualidade”, instalada atualmente no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
E listo o que vi de mais interessante e curioso na mostra, que segue em cartaz até 14 de fevereiro.
- A Monalisa do Masp
Mesmo exposto em um canto ao fundo do primeiro andar do museu, o quadro “Cena de Interior 2”, de Adriana Varejão, é o que mais aglomera visitantes ao seu redor. Alvo de polêmica e críticas durante a exposição “Queermuseu”, em Porto Alegre, no primeiro semestre, a obra ficou famosa. Mais uma prova de que a máxima “falem mal, mas falem de mim” é verdadeira.
- As bailarinas de Degas e a prostituição
A delicadeza dos rostos, figurinos e movimentos das bailarinas do teatro estão em centenas de pinturas e esculturas do impressionista Edgard Degas, populares mundialmente. O que a exposição do Masp revela, por meio de “Bailarina de Quatorze Anos”, escultura de seu acervo, é que no final do século 19, o corpo de baile infantil do teatro da Ópera de Paris era formado por meninas pobres, filhas e irmãs de prostitutas e para quem a dança era um meio de fugir dessa realidade. Na época, havia uma mulher prostituída para cada 200 homens parisienses e muitas das dançarinas da Ópera não escapavam dessa condição. - Visibilidade gay na época dos lampiões
Há 40 anos, muito anos antes da internet democratizar e dar visibilidade para gays, bissexuais, queers, trans e quem mais quiser, O “Lampião da Esquina” foi considerado o primeiro jornal a politizar o cotidiano da perspectiva de homossexuais. Falava de sexualidade, discriminação racial, artes, ecologia e machismo. Atualíssimo! Era assinado por intelectuais como Darcy Penteado, João Silvério Trevisan e Aguinaldo Silva e trazia boa dose de humor e ironia. Durou 38 edições, a maioria exposta em “Histórias da Sexualidade”. - Nudez como abre-alas
O tema “Corpos Nus” é o que abre a mostra. Fico pensando em Adão e Eva, índios e o que mais nos levou a associar tão intrinsecamente a nudez ao sexo, a ponto de uma foto de um rapaz nu com a perna amputada e a pintura de Moema, por Victor Meirelles, afogada na praia depois de se lançar ao mar atrás do português Diogo Álvares, ganharem destaque quanto o assunto é sexualidade. - Guerilha no subsolo
Para acessar a parte da exposição que fica no primeiro subsolo do Masp, passamos pela galeria de cartazes da mostra paralela das Guerrilla Girls. Grupo de ativistas anônimas que usam máscaras de gorila e o humor e a ironia para destacar fatos de desigualdade de gênero e raça no mundo das artes, elas questionam, por exemplo, a quantidade de obras de artistas mulheres em comparação à presença de trabalhos de homens em galerias e museus do mundo.
O melhor é que a retrospectiva traz a crítica para o próprio Masp. As Guerrilla Girls apresentam um novo cartaz: “As mulheres precisam estar nuas para entrar no MASP?”, contrastando o pequeno número de artistas mulheres comparado ao grande número de nus femininos da coleção em exibição no museu, como já havia feito com o Metropolitan Museum de Nova York, entre outros.