Duelo de corpos e o tapinha que dói
“Me casei nos meus tenros 23 aninhos com meu primeiro amor e, pra minha tristeza sem fim, fiquei viúva quando estava pra completar apenas quatro anos de casamento. Você pode imaginar como fiquei arrasada, prostrada, em profunda depressão. Até que, aos poucos, fui me reerguendo. Comecei buscando um hobby que há muito tempo eu secretamente desejava, mas pelo ciúme do meu marido de me ver dançando com outros homens, me privei desse desejo.
Entrei em uma escola tradicional de dança e me encontrei. Fazia todas as modalidades possíveis e imagináveis, mas a dança de salão era a que mais me atraía. Percebi o quanto eu gostava de ser conduzida por homens pé-de-valsa e, mais ainda, quando eles eram atraentes, cheirosos, volumosos – é, dava pra sentir o volume genital quando a gente dançava ritmos calientes. Que delícia roçar sem querer, perceber a excitação do outro. Me vi uma mulher com muita paixão ainda pra viver, apesar do grande amor que havia partido tão jovem, no auge do nosso casamento.
E os professores, então? Aqueles homens maravilhosos, musculosos, alguns mais baixos, outros mais altos, alguns asiáticos, outros nordestinos, uns eram branquelos e esses eu gostava menos, mas os negros eram os que eu faria de tudo pra abocanhar. E havia o mouro, sedutor, bigode, magrelo, mas com uma sensualidade que eu pensava ‘como?’, e que sorria pra mim como se estivesse preparado pra entrar na tenda e fazer mil e uma noites de amor. Cada professor me causava algum tipo de fantasia – e minhas noites eram menos solitárias, ao menos ali na minha cama, nua, me tocando tão profundamente que parecia estarem ali comigo, às vezes todos ao mesmo tempo, se revezando.
O mouro foi se aproximando cada vez mais. Me tirava pra dançar primeiro e, depois de dar o giro pela sala – eram sempre menos homens disponíveis em sala de aula do que o número de mulheres –, dava um jeito de me tirar pra dançar de novo. Era sempre em três tempos: um, dois, três. Três momentos distintos da aula em que ele criava situações pra me tirar pra dançar. Fui me deixando levar, me envolvendo. Era salsa, gafieira, forró. Adorava essas três modalidades. Cada uma com suas muitas possibilidades. E, em uma delas, o ritmo nos levou até meu apartamento. Entramos os dois excitados – eu ainda mais curiosa pra saber como seria a nossa performance fora da pista, qual seria nosso ritmo carnal. Coloquei um som, ele abriu a garrafa de vinho e começamos grudados um no outro, de cima abaixo, cada um bebericando sua taça, entrelaçados por nosso braço oposto. Que tesão! O beijo daquele cara era fenomenal, fiquei no ponto pra dar e comecei a abocanhar aquela boca ornada pelo bigode. Larguei minha taça na mesinha lateral e arranquei a camisa dele. Que peitoral! Ele era mais baixo do que eu, mas cada músculo daquele corpo compensava nossa diferença de altura.
De repente estávamos nus, dançando na sala do meu apartamento, ele de pau 90 graus. Prensei aquilo maravilhoso com minhas pernas e ele enlouqueceu. Tudo corria bem, numa cadência fluida entre forte e fraco, suave e intenso. Ele ensaiou uma pegada mais grave que partia do meu pescoço e pegava meu cabelão. Até aí, delícia. Pela nossa levada, resolvi colocar um tango, só pra ver o que saía. Nossa! Tango, ah, a dança do acasalamento, a dança do duelo de corpos que querem se possuir, se penetrar, se comer, se aprofundar. Aquele baixinho, de repente, me puxou para o chão. Fui. No meu tapete felpudo de poliéster da melhor qualidade, fizemos um sexo semisselvagem. Havia ternura, havia tesão, havia pau na buceta, mão na buceta, mão no rego, dedos suaves no cu – meus e dele, no meu, no dele. Tesão. Demos uma. Demos duas, praticamente sem pausa. Que homem! Ele se animou. E quando eu estava pra gozar mais uma vez…
…um tapa. Eu. Levei. Um. Tapa. Na bunda? Não. Levei um tapa. Na cara. O cara me deu um tapa na cara. Fiquei em choque. Não entendi. Pensei, será que é assim agora? Desacreditei. No tapa. Que aquele cara me deu. Sem nenhum aviso prévio. Levei um tapa. Tesão sumiu na hora. Mas fiquei ali, fingindo. Segui a transa. Não dei um piu. Sobre o tapa. Tapão na cara. O professor sem noção que me deu um tapa na cara sem nenhum aviso prévio.
Amigo, faça isso não. Tapinha não dói, mas tapinha você dá com quem já 1) disse que gosta; 2) sabe que gosta; 3) tem certeza que gosta. Se liga!”
Você gosta de tapinha? De tapão? Na bunda? Na cara? Dar ou receber? Conta para mim, vai, não dói nada. 😉