Eu me recuso a gozar pensando em você
Um cara apaixonado me escreveu. Entre linhas e linhas de declaração de amor e tesão para essa “mulher mais impressionante que conheci na vida”, uma frase me chamou a atenção:
“Se eu for assistir a um pornô com uma loira peituda, bicos dos seios e buceta rosados, o meu biotipo preferido, meu pau não sobe mais. Sério. É foda. Se eu quiser bater uma, tenho de pensar nessa mulher, meu tesão é totalmente dela agora”.
O que ele descreve é um estado de êxtase que extrapola o sexo, essa mulher virou uma obsessão, um propósito de vida. Perigoso, mas inevitável. E me lembrei de uma outra história: e quando esse sexo que não nos achamos capazes de viver sem nos é tirado, sem mais nem menos?
Foi o que aconteceu com a Kitty. Nem vamos entrar no aspecto sentimental da história dela. Mas basta você saber que:
-Kitty passou seus 30 anos sem ter prazer no sexo. Uma década inteira.
-Aos 40, conheceu um homem que lhe proporcionou as melhores transas de sua vida.
-Os orgasmos eram os mais frequentes e intensos. Transavam cerca de quatro vezes por semana. Ele a comia de frente, de trás, com força, com carinho, ela gozava na boca, nos dedos, no nariz e no pau dele. Ela estava completamente saciada em termos sexuais. Tinha tirado a buceta da miséria mesmo.
-Então, ele terminou com ela. De surpresa. Fora toda a desilusão amorosa, o corpo de Kitty, depois de dois anos de sexo em quantidade e qualidade excelentes, tinha se acostumado com aquilo. Não estava pronta, emocionalmente, para ter outro homem. Mas precisava gozar, precisa muito gozar. Masturbação e brinquedinhos eram o caminho. Alguns vídeos ou contos.
O que Kitty não imaginava é que não havia NADA na internet, na mente ou nas mãos que lhe excitasse e a fizesse ter prazer a não ser a lembrança do pau, do gosto e das antigas transas com aquele amante maravilhoso.
Então, virou rotina. Gozava pensando nele e depois caia no choro. Foram meses assim. Masturbar-se nunca tinha tido um gosto tão amargo. Era prazer seguido de dor.
Até que em uma noite, depois de horas de lágrimas depois de segundos de tesão, ela seguiu um impulso. Ligou para o ex-amante e gritou, antes mesmo do alô: “Eu me recuso a gozar pensando em você”. Repetiu mais alto, e de novo, e de novo, e de novo, com lágrimas, com raiva, como um grito de liberdade. Desligou sem nem mesmo saber se ele estava na linha.
A noite seguinte, foi para a frente do espelho. Começou a se acariciar. Demorou, mas gozou. Desta vez, pensando em si mesma.