Se nada foi real, pelo menos houve orgasmo
“Se nada foi real, pelo menos houve orgasmos.
Muitos, múltiplos, variados, fartos, comedidos. Em camas redondas, quadradas, retangulares. No chão, na água, no banco de trás e no da frente também.
Se você nega as palavras, as promessas, o sentimento e a realidade, só não negue o prazer. Faça esse favor a si mesmo – e ao seu pau.
Bem ele, o sexo, que é tido como escapismo, veja a ironia. Dele você não poderá fugir quando encontrar boca e dentes que te machucam e um corpo menos apaixonado. Quando quiser aquele afago no meio da noite e se encontrar na pior das solidões: quando se está acompanhado.
Como aquele cara que cai na balada e no uísque de segunda a segunda e aquela moça que trabalha diariamente até a 1h da manhã, você pode negar, negar, negar. Se conformar com a jaula, mesmo tendo corrido livremente pela savana.
Mas quando a zona de conforto estiver desconfortável demais para suportar e você estiver sozinho entre lençóis, ainda pode se tocar e pensar na aparência, no cheiro, no gosto, na sensação do sexo de quem ousou te querer mais do que como válvula de escape.
E o prazer voltará, mesmo que momentaneamente, com um amargor – infelizmente, um gosto bem diferente do que você sentia quando me chupava.
As suas tatuagens, o meu bairro boêmio, comida asiática e o portal de notícias que persiste em estar no ar talvez não tragam à tona as lembranças que você resolveu jogar no fundo do armário e nunca mais olhar. Mas as nossas transas estarão impregnadas em você, porque em você estão meus fluidos, minhas células, meu DNA, o meu prazer.
Assim como você está em mim. Isso, não há como negar.”