Mês LGBT: oportunidade para experimentar
“Em junho do ano passado, embalados pelo mês LGBT, minha esposa e eu resolvemos nos jogar na pixta. Depois de 20 anos de casados, dois filhos na faculdade e um cachorro, ela propôs que, já na casa dos 50 anos, estava na hora de experimentar coisas novas – na cama, é claro (ou fora dela, mas você já entendeu). Eu garanti a ela que nunca tinha ficado com um homem àquela altura da vida. E ela também nunca tinha ficado com uma mulher nos bons tempos de FFLCH, na USP, onde ela estudou – e eu acreditei.
Ela ficou incumbida de arranjar alguém pra mim, porque a ideia era bem louca e a gente também queria se divertir. Peguei a melhor foto que eu tinha e ela fez uma conta no Tinder. O texto ficou assim: homem casado, relacionamento aberto no momento, à procura de uma experiência homossexual. Dei likes em uns 25 perfis, mas a maioria estava mais curiosa pelo meu perfil do que tesuda. Então a Beth fez uma boa busca em guias gays pela internet pra decidir pelo caminho clássico e tradicional:
– Roberto, tu vai (sic) na Le Rouge 80 e fim de papo.
Pra quem não conhece, o Le Rouge se intitula um “balneário” e, bem, agora você entendeu que se trata de uma sauna. Descobri que, às quintas-feiras, é servido um jantar a partir das 18h30 e foi esse o dia escolhido. Lá fui eu, um pouco amedrontado, mas bastante excitado: demos uma antes de sair, animados por um vídeo de sacanagem online entre dois caras esculturais e que metiam muito bem.
De início, fiquei impressionado com o tamanho da casa, sendo que a fachada jamais entregaria a infraestrutura do lugar: duas saunas secas, duas saunas a vapor, duas piscinas aquecidas, quartos privativos pra você fazer o que bem entender. Era fim de tarde, a casa ainda meio vazia, me senti avaliado de cima a baixo enquanto caminhava pelo espaço e fazia o reconhecimento da área. Fiz contato visual com um ou outro, mas a timidez ainda atrapalhava. Segui para o bar e pedi logo um uisquinho com gelo.
– Porra, Beth, como é que você não me avisou que era tão próximo ao Hospital das Clínicas, caralho?, brinquei com ela depois, caindo na gargalhada.
Na sauna finlandesa, homens mais ou menos da mesma idade, aparentemente héteros, conversavam com outros que aparentavam estar na casa dos 35. André foi o primeiro a vir falar comigo, gay saído do armário por volta dos 35, ele agora tinha 40, mas aparentava ser bem mais jovem. Conversamos sobre tudo, ele me guiou pelos outros espaços, comemos juntos e foi aí que ele me chamou para um dos quartos privativos. Eu já estava tão bêbado que assim que ele começou a me fazer uma massagem, percebi uma ereção. Aquele cara sabia bem o que estava fazendo, me deixou relaxado, começou a beijar minha nuca e me masturbou quase tão perfeitamente como eu me masturbo. Gozei, um pouco envergonhado. Ali, descobri que a gente não ia se penetrar, porque ele não gostava. Fiquei um pouco espantado: com a franqueza e com o conceito. Quando ele quis me beijar, foi mais difícil do que eu imaginava. Precisei fazer um esforço pra não enxergá-lo como “homem”, mas como uma pessoa. Fiz o esforço de não imaginar uma mulher no lugar, queria enfrentar a experiência com boa fé. Enquanto ele me beijava, massageava meu cu, minhas bolas, passava os dedos na ponta do meu pau, molhadíssimo, eu só pensava: que língua! Eu parecia um cabaço, sem saber direito como retribuir. Bem, eu era um cabaço naquele contexto.
Este ano repetimos a dose. Acho que sou bi. E adoro.”
Junho ainda não acabou. Conta pra mim as suas experimentações motivadas pelo mês LGBT! O e-mail é carmenfaladesexo@gmail.com