Nojo de motel: da estética à limpeza
Eu fiz as pazes com os motéis. Odiava. Achava o anticlímax do sexo. Hoje até me divirto com as colunas gregas, as luzes coloridas e as esculturas com os lençóis. Mas o meu preferido, por exemplo, é um que tem a maior cara de hotelzinho butique. Clean.
Aí voltei a esse assunto quando estava tomando um café com uma amiga e ela começou a me confidenciar histórias dos bastidores do plantão médico, onde trabalha como socorrista. Entre suas colegas, uma era de Minas Gerais e a outra da Bahia.
– “Eu tenho nojinho de motel”, disse a baiana.
– “Jura? Não me incomodo”, disse a mineira.
Minha amiga segue contando: “me reconheci ouvindo as duas percepções. Eu tinha acabado de me tornar universitária quando fui a um motel pela primeira vez. Tenho ainda no meu inconsciente os néons semiqueimados e as fachadas toscas da Rodovia Raposo Tavares, a Via do Amor paulistana dos anos 2000. Era uma época em que a busca por opções seguia de acordo com nossa grana de universitária. O nojo, que de início era o radar que avaliava o ambiente externo de acordo com minhas noções estéticas e de limpeza, se tornou o grande radar do sexo bom, médio, ruim. Se o nojo surgia, a qualidade da foda estava diretamente relacionada.
Uma vez, estávamos voltando da faculdade quando o clima começou a ferver dentro do carro. Uma das mãos segurava o volante enquanto a outra sabia exatamente o que fazer com minha xota. Abocanhei aquele pau gigante e longilíneo enquanto ele tentava pensar qual o motel mais próximo possível – sem bater em nenhum carro da rodovia.
Embicamos o carro no primeiro que ele viu pela frente. Cada quarto tinha sua garagem individual como se fossem casinhas geminadas com o buraco (hehe) respectivo para guardar (hehe) o carro. A pintura daquela construção tosca era um bege amarelado que só podia ser de sujeira. Saí do carro e ele veio pra cima de mim, me encurralando (hehe) na parede ao lado da porta. Beijos e amassos e passadas de mão por toda parte, ele gozou fora, jorrando pela parede. Nojo. Da parede. Comecei a pensar em quantos gozos aquela parede já tinha recebido quando ele me puxou pra dentro do quarto.
Enquanto minha mente começava a analisar aquele quarto que mais parecia de um hotel de beira de estrada, senti meu pescoço sendo engolido por lábios macios e uma língua bailando pela minha pele de pêssego (hehe). Minhas pernas amoleceram, sinal suficiente pra que ele me pegasse no colo, encaixando pélvis com pélvis, xota com pinto. Ao seguir até a cama pra gente continuar aquele balé sensualmente desajeitado, não pude evitar: notei que a colcha branca de tecido imitação de cetim cheirava a mofo e pinicava. Nojo. Da cama. Ao passo que não deu nem tempo de seguir na análise quando me vi com o rosto mergulhado naquele tórax com notas de um perfume cítrico e o cheiro de pele que dava um match de ferormônios. Nojo define, entende? ;)”.
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