Punheta até desmaiar
Os dias ainda se alternavam entre quentes, frescos e nublados quando um amigo me chamou para uma happy hour em plena segunda-feira.
– Carmen, topa uma cervejinha hoje, por volta de 19h? Tô com o maior tédio e não quero beber sozinho.
– Só se você me contar sua melhor história de punheta ever.
– Se eu te contar a minha melhor história de punheta, você bate uma pra mim?
– Só se for a melhor história de punheta ever.
Acertamos os detalhes: iríamos primeiro ao Subastor (se estivesse aberto na happy hour de uma segunda-feira) e brindaríamos com estilo. Spirits dignos de duas pessoas interessantes, dois amigos de longa data, um clássico, como um cosmopolitan, e uma bebida da modinha, algo com aperol. Depois, seguiríamos até o Empanadas, comeríamos alguma coisinha, só pra não começar a semana tão estragados. Daríamos um pulo no Mercearia e se tivesse muito fuzuê pra uma segundona, a gente iria até o primeiro boteco que aparecesse na nossa frente. Ele teria de contar a história em partes, com uma riqueza de detalhes que ora me excitasse, ora me divertisse. Eu teria de dar gargalhadas. Mas também ficar molhada de tesão. Esse era o trato. E, se ele passasse no teste, iríamos pra um puteiro na Rua Augusta, porque tinha de ser trash pra valer a pena a experiência.
Eis o que ele me contou:
“Eu era um garoto, um recém-jovenzinho. Minha mãe, evangélica de tudo, ficava me vigiando como no filme “A Fita Branca” (2009), de Michael Haneke, quando eu ainda era pré-adolescente. Eu morria de tanto segurar meu gozo, era horrível. Só rolava polução noturna. Se eu demorasse um pouco mais no banheiro, ela já vinha batendo na porta. Imagine, o temor era tanto, a marcação era tanta que só dava tempo de sentir culpa e vergonha. Por isso, minha experiência masturbatória veio meio tarde.
Éramos cinco amigos na faixa dos 18 anos. E a gente tinha um ritual bizarro. A gente punhetava coletivamente. No começo, achei que o amigo que propôs isso era voyeur. Mas não. A ideia era a gente bater punheta como numa competição besta de quem conseguia… desmaiar de tanto bater. E, pra isso, precisava ter testemunhas por perto. Sempre íamos pra casa do Aroldo. Cada um escolheu um canto da casa. Um energúmeno colocou um som mela-cueca e começamos. Eu conseguia ouvir a respiração do Jorge, que ficou em um canto que fazia um eco danado. Gemidos. Ele não ganhou, ainda sofria pra segurar. Se não melhorasse, ficaria no grupo dos ejaculadores precoces.
Minha audição me traía: eu não conseguia começar de jeito nenhum, ouvindo aqueles caras punhetando. Mas se eu fechasse os olhos, até conseguia me imaginar em uma casa de suruba – ou o que eu imaginava ser uma casa dessas – por alguns instantes. Até ser interrompido por um gemido vindo de outro lado da casa. Pausa. Silêncio. Respiração forte por todos os lados. Olhos fechados de novo. Fui.
Minhas mãos abriram meu zíper lentamente, sem colocar o pau pra fora. Me imaginei sendo apalpado por mulheres e homens hábeis na massagem tântrica – ou o que eu imaginava ser uma massagem tântrica. Levitei um pouco. Passei minhas mãos pelas minhas coxas até a virilha. A outra mão massageava meu abdômen, ainda firme, sem barriga. Tesão começou a chegar. Eu segurava meu gozo como quem sabe comer lentamente um bolo red velvet. Ou quem sabe beber um Bubble Kill. Explosões por toda a boca, eu precisava meter minha língua em alguém. Mas eu estava no mezanino. Comecei a bater, bater, bater, bater, BATEEEEEEEEEER.
Acordei com uma fratura no ombro: bati até desmaiar, caí e estraguei a farra de todo mundo. Mas ganhei a competição.”
– Bora, Carmen?
– Nem fodendo.
Agora é a sua vez, quem sabe te pago um drinque? 😉 Conte sua história para carmenfaladesexo@gmail.com