Um batom roxo no início do outono
Cada vez me mais tenho recebido relatos sem rótulos. Não importa quem – na história, na vida – é hétero, homo, trans, o que quiser. Sejamos felizes como turma aí abaixo!
“Era uma tarde de início de outono. Nos conhecemos em uma festa na casa de uma amiga em comum. Cada um trouxe o que queria beber e nossa amiga ofereceu uns salgadinhos. No som – um notebook ligado a umas caixinhas de som podres –, a gente se revezava em batalha de DJ de YouTube. Era cada som absurdo que ficava impossível a galera ficar parada na pista improvisada no quintal dos fundos.
Eu a notei enquanto tocava “O Meu Sangue Ferve Por Você”, do Sidney Magal. Entre gargalhadas, vozes cantando em coro e rebolados, ela se destacou pelos gestos incrivelmente sedutores pra uma música tão exagerada. Percebi na hora aquela boca de batom roxo intenso, um pigmento que deixava aquela pele preta com um glow ainda maior. Aquela boca… eu precisava beijar aquela boca. Era só isso que eu pensava. Já tinha ficado com outras garotas. Mas o que estava pra acontecer ali eu não podia imaginar.
O som mudou pra outra música trash e quando olho de novo em direção a ela, um cara a estava comendo pela boca: eu conseguia ver até a língua dele se atracando com a dela. O maior tesão, não posso negar, mas ali minhas esperanças se foram, ela era hétero!, pensei. Enquanto esse pensamento me ocorria, mudei de lugar e continuei dançando. Eu me balançava ao refrão “Ella ella/ eh eh eh/ Under my umbrella”, na voz de Rihanna, quando me vi em um sanduíche entre a garota do batom delícia e o cara.
Todo mundo já muito alegre, solto, e eles começaram a se engraçar pra cima de mim. Eu só tinha olhos pra ela, mas se ele vinha de brinde eu tava de boas. Ele estava por trás, começou a passar as mãos pelos meus ombros, depois pela minha cintura e ali ficou, me massageando com aquele vai e vem dos corpos, encaixando a pélvis dele na minha bunda, eu já sentindo a ponta do pau dele. Fiquei muito excitada. “Ella ella/ eh eh eh/Under my umbrella”, e ele batendo de leve na porta do meu cu, ali, dançante, no ritmo daquele pop meio R&B.
Toda essa levada e ela ficou ali. Primeiro atrás dele – era mais um trenzinho do que um sanduíche, na real. Enquanto ela beijava o pescoço dele, ele fazia aqueles movimentos em onda. Até que. “Ella ella”. Finalmente ela. Senti umas mãos delicadas pelo meu corpo. Não eram as do cara, aquela pegada era diferente. Um arrepio me veio pela espinha. Eu já tava toda molhada de tesão. Ela foi esticando os braços e se movendo entre nossos corpos, o do cara e, depois, até o meu. Olhou nos meus olhos profundamente. Beijou meu pescoço. Ficou bem perto de mim, olho no olho, nariz com nariz. E encostou aqueles lábios nos meus. Suaves. Profundos. Suaves. Profundos. Minha língua na língua dela, no céu-da-boca dela. Eu já não me via naquele quintal, naquela festa, eu só queria saber daquele momento.
Sanduíche cada vez mais apertado, agora sim, ele por trás, ela pela frente. As mãos daquela menina por toda a parte, firmes, que pegada! Meus peitos eram acariciados, beijados, ela afastava um tanto do meu top pra tentar alcançar meus mamilos. Mamilos livres!, como eu queria. Sua outra mão resolveu alcançar minha xota, molhadíssima, pronta pra receber aqueles dedos todos.
Terminamos a noite em um dos quartos da nossa amiga. Primeiro, os três. Eu vinha de uma fase na sapaland e não esperava ficar tão à vontade – tão tesuda – com um cara. Mas o contexto ajudava muito. Ele em cima de mim, ela do meu lado. A embriaguez na medida certa. O tesão nas alturas. Nunca mais reclamei da frente fria.”
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