As virgens voyeurs
Ninguém podia imaginar que eram todas virgens: Alessandra, 26, Julia, 28, Carolina, 36. Por que, afinal, todo mundo acha que tem um radar de virgens? Por que, afinal, todo mundo acha que se deve dar antes dos 18 anos? Mas elas não haviam escolhido isso. Estavam loucas pra experimentar a coisa toda, não podiam mais esperar – elas queriam saber o gosto do sexo depois das passadas de mão, dos beijos engolidores, da calcinha molhada de excitação.
Alessandra trabalhava em uma redação de jornal, cobria generalidades, fumava demais, sentia demais. Tomava antidepressivos. Julia terminava uma pós-graduação em psicologia social e não entendia a razão dos amigos de Alessandra não seguirem em frente depois das carícias das festas de fim de ano a que ia como convidada. Carolina, administradora de empresas, tímida demais, calada demais, só se permitia os avanços com um copo de vinho verde na mão em baladas de viagens fora do país.
As três amigas conheceram Flavia, 32, num boteco pé-sujo. Era happy hour e a noite passava lenta, em meio aos tantos copos de cerveja:
– Meninas, meu primo acabou de me mandar uma mensagem bizarra, mas acho que eu tô a fim. Ele vai a um clube de suíngue em Moema. Vamos comigo. Sério, vamos comigo.
O sexo ainda se mostrava àquelas garotas como algo distante, performático, um experimento a ser analisado em perspectiva. Toparam na hora. Era quinta-feira.
Flavia usava uma roupa colada, era do tipo que gostava de não usar calcinha por debaixo da calça “pra não marcar”. Fazia questão de andar sempre de salto agulha, se achava baixinha, precisava do contraponto, queria olhar de igual pra igual e, se pudesse, de baixo pra cima. Camisa de algodão com elastano, o corte vestida suas curvas magras e marcava o peito empinado – era impossível saber se era ou não natural. Beijou o dito “primo” com uma sensualidade esquisita e o apresentou às três recém-amigas.
O cheiro de sexo era gritante, exagerado, excitante ao entrarem naquele lugar. Uma espécie de hall oval era o primeiro ambiente antes dos demais: um assento como uma cama redonda era onde se assentavam homens e mulheres ofegantes, como se estivessem dando um tempo até se recuperarem para o próximo round.
Flavia liderou o grupo e seguiu adiante, e foi aí que o “primo” não se importou mais: colocou a mão na bunda dela e a guiou até a próxima sala. As meninas nem se olhavam, tentando controlar a tensão. Apenas seguiam em frente, desviando de homens mais velhos tarados e desinteressantes – sobretudo, desinteressantes. Flavia as hipnotizava e elas mal poderiam prever o sexo voyeur que estavam prestes a experimentar.
O primo chafurdava suas garras por sobre as nádegas dela até que ela, excitadíssima com a plateia de garotas, tirou a calça, já na entrada de uma das salas com paredes de vidro – as salas de voyerismo. Os dois tinham uma espécie de dança de acasalamento absurda, os movimentos de ir e vir eram altamente excitantes, nada ali era feio de se ver, não havia cotoveladas, mau jeitos, cara amassada, pinto torto. Tudo era simétrico, tudo fazia sentido, eram verdadeiros pros na arte do exibicionismo. Julia não se aguentou: enfiou a mão dentro da própria calcinha e começou a se masturbar. Não tirava o olho do casal e a mão da própria chana. A respiração forte; o prazer, latente. Um cara reparou nela e veio por trás, a encoxou como um macho que cobre a fêmea, ela fechou os olhos e deixou a coisa fluir.
Flavia e Denis – este era seu nome – agora faziam uma espécie de balé delicioso. Quando ela se agachou pra chupá-lo a partir das bolas, Denis olhou em direção a Alessandra e fez um único gesto de venha até aqui. Ela não obedeceu. Quase caiu pra trás de pavor com o convite. Ficou ali firme, molhada por dentro, seca por fora. Não tinha coragem. Carolina se precipitou, num misto de cobertura pra amiga e vontade pessoal, e ele acenou que sim. Enquanto ele a beijava o mais francês dos beijos, arrancou-lhe o top e depois a saia-lápis. Passou as mãos por ela inteira, beijou seu pescoço. Flavia se levantou e o usou como uma espécie de pole humano. Denis deixou Carolina delicadamente de volta na plateia de 15, 20 pessoas que se masturbava ou se pegava – caso de Julia, que já havia gozado algumas boas vezes com o misterioso que a encoxou por trás. Denis pegou Flavia no colo e a levou mais ao centro da sala. Acenou aos demais ao redor que entenderam um código próprio de habitués. O ápice? Cerca de 7 ou 8 homens gozaram sobre ela. O show, de mais uma quinta-feira estava, afinal, cumprido.