Existe algo que seja inadmissível na cama?
Eu nunca tive problemas em me ajoelhar para chupar um pau. Não me sinto desrespeitada, subjugada, pela posição.
Sou de um signo do zodíaco que é cuidador por natureza, que quer agradar e se dedica ao bem-estar do outro. Tirar os sapatos do meu homem no fim do dia, fazer uma massagem em seus pés cansados, nas suas costas tensas, é agradável para mim. Partir para um momento de dedicação ao seu deleite sexual, me dá muito prazer.
Sempre gostei de fazer sexo oral, de verdade. Saber que sou capaz de dar tamanho prazer a um cara me satisfaz. Faço no altruísmo, apesar de adorar receber também.
Falo disso porque nunca tinha enxergado a posição de joelhos diante de um homem de pé e braguilha aberta, sob o espectro da dominação machista, da humilhação à mulher, até que uma amiga me contou: “chupo, mas nunca ajoelhada”.
Outra questão que apareceu em conversas é a cuspida e o tapinha na cara. Na bunda, é quase consenso, tudo bem. Já no rosto… Eu particularmente não curto, provavelmente porque, para mim, tenha mesmo essa conotação de opressão, uma ideia lapidada social e culturalmente. Zero prazer para mim nisso. Mas se houvesse desejo e consentimento, isso seria algo ruim? Tudo é questão de construção e desconstrução, inclusive o tesão.
Para existir uma relação igualitária na cama, homens, mulheres, héteros, homossexuais, bissexuais e trans devem ter liberdade para escolher o que querem fazer ou deixar que façam com seus corpos, sem serem criticados.
Fiquei elaborando esse tema até ler uma boa reportagem do site Lado M. Foram entrevistadas feministas que curtem desempenhar o papel de submissas com parceiros. Porque é isso, um personagem, um teatro, uma brincadeira. Claro que existem limites escorregadios, como comenta Evelin Fomin, do coletivo Somos Todos Feministas.
“A submissão sexual tem de partir de uma persona, daquilo que a mulher entende que gosta e isso envolve se conhecer e saber qual é a sua. Se ela for submissa por códigos morais, isso rende um grande desequilíbrio, uma disparidade absurda. Porque na cama estão duas pessoas e é a partir de como essa dualidade funciona que as satisfações virão – ou não”.
Então, vamos lá, garotas e garotos:
– Se ela gosta de ficar de quatro, OK!
– Se ela ama tapa na bunda, OK!
– Se ela acha OK tapa na cara, OK!
– Se ela curte ser cuspida, OK!
– Se ela adora de ser chamada de puta, OK!
– Se ela quer ficar ajoelhada, de coleira e ser pega pelo pescoço, OK!
A única condição é que tudo isso seja feito para o aproveitamento mútuo e não para agradar apenas a um. “Estamos falando de buscar o prazer próprio, sem abrir mão de proporcionar o mesmo ao outro. Obviamente que na troca sexual há doações, você eventualmente fará algo que não te excita tanto assim, porque tem vontade de proporcionar algo para a outra parte que gosta daquilo mais que você, e não há problema nenhum nisso, se não for ofensivo a você”, diz Evelin.
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