pauta quente em ny: pornografia e prostituição
Nova York parece falar de sexo com mais naturalidade e graça do que as outras metrópoles, e aí estão Woody Allen e Sarah Jessica Parker que não me deixam mentir. Filmes como “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo” e séries como “Sex and the City” levaram o assunto para as conversas cotidianas, ajudando a esvaziar vários tabus.
Nos últimos dias, o jornal “New York Times” e a revista “New York” trataram, com a seriedade de sempre, de dois temas tão banais quanto polêmicos: pornografia e prostituição.
O “NYT” publicou um longo texto em sua edição impressa de domingo (20) sobre a educação sexual das adolescentes, em matéria que leva o título auto-explicativo: “Quando o pornô virou aula de sexo?”, minha tradução para “When did porn become sex ed?”.
Lá, Peggy Orenstein, que escreveu um livro sobre isso, conta que uma pesquisa inglesa revelou que 60% das estudantes consultavam pornografia como se fosse um manual de instruções, ainda que soubessem que as cenas não fossem lá muito realistas. Uma das personagens da matéria diz: “Tem um monte de problema com a pornografia, mas é meio legal poder usar isso para ganhar algum conhecimento sobre sexo”.
“As estatísticas sobre assédio sexual podem ter forçado um diálogo nacional sobre consenso, mas conversas sinceras entre adultos e adolescentes sobre o que acontece depois do ‘sim’ – discussões sobre ética, respeito, como tomar decisões, sensualidade, reciprocidade, relacionamento, a habilidade de afirmar desejos e definir limites – continuam raras. E enquanto nós estamos cada vez mais dizendo aos jovens que ambas as partes precisam concordar inequivocadamente em um encontro sexual, nós ainda tendemos a evitar o maior tabu de todos: a capacidade e o direito de as mulheres terem prazer no sexo”, conclui Peggy no artigo.
Já a “New York” magazine publica na capa desta semana outra pergunta provocativa: “Is Prostitution Just Another Job?”, ou “A prostituição é apenas um trabalho qualquer?”, de novo na minha tradução.
Na longa reportagem de capa, Mac McClelland nos conta que a internet aumentou a aceitação do sexo profissional entre o público, o que tem motivado inclusive debates sobre os direitos desses trabalhadores. “Em 2012, 38% dos americanos achavam que o sexo profissional deveria ser legalizado; no ano passado, no meio do crescente apoio à legalização da maconha e do aumento da liberdade individual, esse número subiu para 44%”, escreve a jornalista.
Jogando luz sobre o ganha pão de muitas mulheres, o texto traz relatos de várias prostitutas, muitas favoráveis à descriminalização da atividade.
Algumas querem apenas sair da economia informal. Anna, de 22 anos, teve que abrir uma empresa fingindo que era designer gráfica pela necessidade de pagar impostos. Apesar de ter tido problemas com a família, que não aceita sua atividade, ela diz que gosta do que faz na maioria das vezes. E, agindo como uma empreendedora de qualquer outra área, se queixa um pouco dos comentários dos clientes sobre seu desempenho em sites como o Erotic Review, que agem como se estivessem avaliando uma ida a um restaurante. “Sinto que uma única revisão ruim poderia arruinar o meu negócio, o que é um pouco estressante.”
A reportagem também dá longo espaço para o lado nada glamuroso da prostituição, como o tráfico de mulheres; o trabalho sexual forçado; a violência cometida pelos clientes; uso e abuso de drogas. Será que a legalização da atividade aumentaria ou diminuiria esse tipo de situação?
Os dois assuntos – pornografia como tutorial de sexo e descriminalização da prostituição – rendem muitas discussões, e é ótimo que dois grandes grupos de mídia dos EUA estejam investindo nesse tipo de jornalismo.
E, vocês, o que acham disso tudo? Dá para aprender a fazer sexo consumindo pornografia? Deveríamos legalizar o trabalho sexual? Escrevam para mim, contem suas histórias.