Mulheres que tomam Viagra
Por Diana
Outro dia, jantando com uma amiga, ela me disse que havia tomado Viagra. Não, não foi o namorado, foi ela mesmo. E, segundo minha amiga, foi incrível. “Um tesão absurdo”, contou. “Recomendo, mas não tome se não estiver em um lugar que dê para transar, senão vai ser uma tortura.”
Fiquei com isso na cabeça. Não que eu precise tomar nada para ter tesão. Já tenho um bocado. Mas qual será a sensação exatamente? Afinal, cada tesão é um tesão.
Tem aquele mais mental, aquela vontade na sua cabeça de parar tudo, tirar a roupa, e se esfregar no corpo mais próximo. Como quando vêm à cabeça, no meio do expediente, imagens do último pornozinho que você assistiu. Ou quando você está atravessando a rua e gruda o olhar em um gato com a barba por fazer que vem vindo em sua direção, e ele te olha também, e ninguém desvia, e vc já pensa nele pelado, te prensando no muro ali atrás.
Tem aquele tesão mais primitivo, do corpo. Não precisa pensar em nada, não tem imagem nenhuma na cabeça. Tem só aquele comichão no meio das coxas, você sente que está inchando ali, que tem algo melando a sua calcinha, que a vagina está se contraindo. Toma água, sacode um pouco, e nada faz aquela sensação passar. Não mente, você sabe do que eu estou falando.
Tem o tesão do pileque, depois do segundo uísque, quando você cruza as pernas mais apertadas do que de costume e a calça jeans pressiona de leve a sua buceta no bar. E ninguém percebe. E você toma mais um gole, meio sorriso no rosto, metade prestando atenção no peguete na sua frente, a outra metade sentindo a onda de relaxamento pelo corpo e o volume de tudo mais baixo no ouvido.
E tem o tesão do Viagra. Esse eu não sei qual é ainda, mas pretendo descobrir. Aliás, falei no dia seguinte ao telefone com o namorado para me arrumar algum.
Aqui a coisa ficou engraçada. Ele ficou meio calado. “Oi? Você quer Viagra?” Quero. Quero tomar Viagra, não porque preciso, mas porque estou curiosa e quero transar depois de engolir uma pilulazinha azul para saber como é. Finge que é um vibrador novo, pronto. Você pode até tomar também se quiser.
Mudamos de assunto. Semanas depois, depois de tomar banho juntos, eu o abracei nua no banheiro e respirei bem forte o cheiro dele. “Baby, seu cheiro é bem marcado, mas eu adoro.”
Ele me olhou desconfiado. “Ahã”, respondeu. “Tipo meu pau é ótimo, mas você quer que eu compre Viagra”.
Veja bem. Até o meu namorado, que eu considero um espécime particularmente evoluído, suspeitou que eu tivesse inventado um desejo de Viagra para sorrateiramente fazê-lo tomar o remedinho. Na cabeça do macho, meu pedido era pura e simplesmente um plano diabólico para disfarçar uma insatisfação minha com o pau dele.
Gente, se tem um pau que eu amo nesse mundo é o do meu namorado. Juro que parece que foi feito especialmente para minha bucetinha – é um molde perfeito, liso, espessura e comprimento sob medida para orgasmos múltiplos e lindo de olhar. Ainda por cima, ele, mesmo trintão, fica duro em segundos – tipo coloca um pé no chuveiro ainda distraído, e quando o segundo pé entra no box já está ereto, firme, esperando a chupada.
Como, COMO um homem desses ia achar que existia alguma insatisfação? Aliás, e se eu estivesse mesmo sugerindo um viagrazinho de nada – qual o problema? A gente não inventa mil coisinhas para ser feliz na cama? Por que deveríamos dispensar milagres da medicina? Precisar de viagra não é vergonha nenhuma, é parte da vida, e eu não só não teria nenhum problema se fosse o caso como ainda tomaria junto. Óbvio.
Ah, a insegurança masculina. Se vocês soubessem que não precisa de tanto para a gente amar o pau de vocês. Basta que ele seja disposto, amoroso, animado e duro. Se naturalmente ou por vias indiretas, importa menos do que vocês pensam.