Sexo e privacidade: sinônimos
Por Rebeca
No domingo passado, dia 5, o americano Kevin Bollaert, 28, foi condenado a 18 anos de prisão na Califórnia por manter um site que cobrava de mulheres dinheiro para apagar vídeos e fotos comprometedoras enviadas por seus ex após a separação. Kevin está todo errado, claro, mas, antes disso, o que os manés dos ex tinham em mente? As mulheres até podem ser em parte culpadas por deixarem ser filmadas. Mas, quando a relação é estabelecida na base da confiança, quem imagina que o cara vai surtar depois de levar um pé na bunda?
Os mais liberais podem achar tudo uma bobagem: “E daí que ela está pelada pela internet?”. E com isso eu fico pensando no nosso anonimato, meu e de Diana, aqui no blog. Um pouco de metalinguagem nesta tarde de domingo, desculpem… Mas é que, desde que o mundo é mundo, sexo é algo íntimo. Entre você e outra ou outras pessoas. Se você quisesse ser tão vista, até que gostaria de ganhar uma grana com isso, sendo atriz pornô. E mesmo que eu participe de um suingue, ele só deve respeito àquelas dez ou 20 pessoas que participaram do sexo grupal –não aos milhões de pessoas que vão me ver pela internet, sem o meu aval.
A questão é que o sexo (e como eu chupo o pau do cara, ou empino minha bunda de quatro para ele, ou gemo mais alto a cada estocada) só diz respeito a nós dois. Eu não permiti que ele, depois de gravar um vídeo para a gente se divertir juntos, liberasse isso para os amigos e os amigos dos amigos dos amigos. Eu não tenho vergonha de fazer o que faço quando estou com um cara, e ele provavelmente vai contar para os amigos alguns detalhes picantes (eu farei o mesmo), mas eu não quero que ninguém tenha provas materiais desse sexo, muito menos de como meu corpo é desnudo, já que eu não tirei a roupa para o amigo dele.
O nosso anonimato entra por aí: eu não tenho vergonha de falar sobre sexo e contar histórias, meus amigos sabem bem disso: “Rebeca sempre tem de colocar o sexo no meio da conversa…”. Mas eu não quero sair andando pelos corredores da empresa onde trabalho com gente que nem conheço sabendo exatamente onde coloquei a boca ontem. É diferente quando alguém escreve um livro pornô de ficção –mesmo que os personagens e as histórias sejam baseados na vida real da autora, ela não está assinando uma carta de confissão. É como comparar o livro de Bruna Surfistinha (confissão total de sua vida) com “Cinquenta Tons de Cinza”.
Letmedothis.com
Aqui poderíamos até escrever na terceira pessoa, contando histórias de outras pessoas ou fingindo não ser nossas, para podermos revelar nossas identidades. Não teria a mesma graça. Como também não tem graça o meu chefe saber que o meu sorriso no rosto na manhã de segunda-feira é porque fui comida na noite de domingo no capô do carro do meu vizinho.