Vinho, tequila, cerveja ou nenhum?
Por Diana
É verdade que o problema do lado de lá pode ser irremediável, como contamos há poucos dias. Mas se homens que bebem demais podem acabar com nossos melhores planos eróticos, o álcool também estraga tudo se as bêbadas somos nós. Já aconteceu comigo pelo menos três vezes. Para contar tudo direitinho, vamos por partes:
Parte 1 – Vinho arrasador
Era meu aniversário e eu estava apenas começando a namorar o gato. Chamei vários amigos para um barzinho e fiquei toda serelepe apresentando todo mundo e servindo espumante. O “namo” estava tomando antibióticos depois de uma infecção e não podia beber, mas eu, aparentemente, bebia pelos dois. Sim, eu sabia que não podia exagerar. Mas a noite era minha, as horas iam passando, e quanto mais tarde ficava menos eu me lembrava de quantas doses já haviam descido.
Lá pelas tantas o gato foi embora. Eu fiquei para trás e combinamos que ele deixaria a porta aberta para nos encontrarmos mais tarde. Só que o pessoal estava animado e, como anfitriã, eu não podia desapontar ninguém. Fui ficando, fui bebendo, passei para o vinho tinto e o inevitável aconteceu: comecei a morrer de sono. Vinho tinto comigo só serve mesmo para uma coisa – dormir.
De repente me deu um estalo e me lembrei de que o gato me esperava na cama. De pilequinho, sonolenta, saí do bar, tirei o salto alto e fui andando a pé, descalça, naquele chão imundo dos Jardins (São Paulo), até a casa do cara.
Cheguei lá com toda a intenção de ter uma noite incrível. Abri a porta devagar, andei silenciosamente (bom, na minha cabeça não fiz barulho, mas hoje acho que devo ter acordado o quarteirão inteiro) e fui até o quarto quietinha. Tirei a roupa olhando o gato dormir e pulei na cama nua. E aí…
Corta para o dia seguinte. Acordei com o “namo” rindo do meu lado. Simplesmente apaguei na cama pelada assim que me deitei, sem sequer encostar nele.
Conclusão: se a noite está para uma trepadinha, fuja do vinho. Ainda bem que existem as manhãs…
Parte II – O ataque de José
José, no caso, é meu amigo Jose Cuervo. Prefiro dizer que o ataque foi da tequila e não meu. Esse episódio aconteceu durante uma viagem ao exterior há alguns anos, com uma amiga e três amigos dela que eu ainda não conhecia. Bem, até a tequila entrar na história.
Cruzamos uma fronteira de carro e eu, que era a única brasileira, fui barrada, enquanto todo mundo passou rapidamente. Os oficiais de imigração implicaram que eu tinha que ter um cartão de vacinação comigo – é claro que eu não tinha. Fui de um supervisor ao outro, aguentei berros e insultos, até que finalmente alguém me deixou passar. A esta altura eu já estava à beira das lágrimas, nervosíssima, e a viagem ficou com um clima péssimo. Na estrada até a casa alugada na praia, paramos para comprar mantimentos e minha amiga sugeriu uma bebidinha para me acalmar.
Se você acompanha este blog já sabe que eu costumo aceitar maus conselhos, e desta vez não foi diferente. Comprei uma garrafa de tequila e começamos todos a beber assim que deixamos as malas nos quartos. Conversa vai, conversa vem, ficamos acordados até tarde. De madrugada, ainda restávamos eu e o cara mais gatinho do grupo, em quem eu já estava de olho. E aí…
Corta para o dia seguinte. Acordei nua, debaixo de um edredom roxo, abraçada ao cara. Momentos de pânico. Pela primeira vez na vida virei para o lado e perguntei: “desculpe… a gente transou?” Sem saber se eu estava brincando, ele disse que sim. “Usamos camisinha?” “Hum-hum”, fez ele, e disse que eu poderia conferir no lixo do banheiro. Ufa! Agora a pergunta mais importante: “Eu gostei?” “Bem”, disse ele, rindo, “me pareceu que sim”.
Que humilhação, pensei. O gato veio com chamegos, mas eu não tinha clima nenhum naquele momento. Ele ainda me contou que fui eu quem pulou em cima dele, e o pior é que eu acredito. Me levantei, me vesti, e fui ter com o resto do pessoal.
Fomos para a praia, todos fingindo que não tinha acontecido nada. Mas o sol, o mar, o calor, as férias… fui relaxando aos poucos. Antes de o sol se pôr no mar eu já estava de paqueras com o mesmo gato, que, preocupado, era todo cuidados e carinhos.
À noite, eu não quis beber nada. O plano era ficar totalmente sóbria pelo resto da viagem. Mas, pensei comigo, uma vez que eu já tinha dado mesmo, era melhor pelo menos saber como era. Pimba, cedi às tentativas dele e fomos de volta para a cama. Realmente devo ter gostado na noite anterior, porque o gato era ótimo: dedicado, generoso, animadíssimo. Foi uma curtição.
Ainda assim, depois dessa, não bebo mais tequila perto de gatos interessantes. Prefiro saber direitinho como foi tudo no dia seguinte.
Parte III – Rum-mance
Para não ficar só em tragédias neste post, vou contar também o caso de uma amiga que deve um namoro maravilhoso à coragem que o rum deu a ela certa vez. Minha amiga, que vou chamar de Michele, estava solteira e à caça. Uma prima dela encrencou que queria apresentar um colega de trabalho a Michele, certa de que os dois teriam tudo a ver. “Pode apresentar”, disse ela, depois de ver certas fotos do gatinho sem camisa praticando esportes. A prima armou tudo: inventou um jantar para amigos em sua casa, arrumou uma mesa lindíssima ao livre, e resolveu que criaria drinks fantásticos com rum.
Michele chegou ao jantar um pouco atrasada e já estavam todos lá, inclusive seu pretê. Acontece que ela olhou para ele e não sentiu faíscas. O rapaz não estava sem camisa (óbvio), usava óculos e, como a noite estava fria, tinha um gorro na cabeça. Ou seja: mal dava para ver o potencial do rapaz. Michele internamente achou graça da história toda e foi conversar com outros convidados, basicamente ignorando o pretê que, ele sim interessado, tentava ir se aproximando dela.
Mas tudo mudou depois do terceiro drink de rum que a prima de Michele preparou.
Existem bêbados tristes, bêbados felizes, bêbados amorosos, e existem bêbados tarados. É o caso de Michele, que assim que sentiu o rum bater começou a avaliar os contatos telefônicos para escolher quem paquerar naquela noite. Até que o pretê chegou junto e só então, já inebriada, tarada e feliz, minha amiga prestou atenção no cara. E ele não era mesmo um gato? Um rosto másculo, olhos castanho-claros por trás dos óculos, cabelos cacheados, uma barba meio dourada por fazer. Para que ligar para alguém, pensou ela, se esse gato está aqui na minha frente dando sopa?
Não deu outra: passaram a noite conversando. No fim do jantar, Michele até tentou ir embora, mas o rum novamente ajudou: ela tropeçou no meio-fio e caiu, ralando o joelho até tirar sangue. “Eu cuido de você”, disse o gato, que morava a dois quarteirões do lugar. Foram para a casa dele, e o pretê, um gentleman, fez um curativo, deu para ela chá de camomila e ofereceu o sofá.
Sofá? Não para uma Michele regada a rum. Ela riu e disse: “que bom que eu não sou homem… eu posso falar o que eu quero de verdade”. “E o que você quer?” perguntou o pretê. “Quero dormir na sua cama”, disse ela, tontinha. Pois dormiu, depois de apenas uns pegas leves, sem nem tirar a calça jeans. De manhã, sóbria, envergonhada, fez um brunch ali perto com o gato, e tiveram tudo a ver. Michele e o pretê namoram faz mais de um ano, graças ao rum.
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OK, uma dosezinha pode fazer a noite mais divertida, mas no geral recomendamos uma percepção sensorial máxima, só possível sem muito álcool. Quem nunca? Nós aqui já. Mas cada um na sua.